São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CARLOS HEITOR CONY

O legado de FHC

RIO DE JANEIRO - Marqueteiros de diversas origens, feitios e intenções pretendem criar uma condição de "era" para os oito anos (até agora) do governo FHC.
Um balanço ainda que superficial e feito por um não especialista, como este escriba, mostra que tivemos um dramático retrocesso no plano social, que nem chega a ser compensado por espasmódicos avanços em outros setores, que de uma hora para outra poderão ser revertidos.
O desemprego subiu para 7,6%, o maior dos últimos dois anos -e a cifra oficial está longe de retratar a situação real do mercado de trabalho, aviltado como nunca esteve.
O consumo continua caindo, tornando inadimplentes e falimentares grandes setores da indústria e do comércio. Juros, dívida externa e interna, balança de pagamentos -para onde voltemos a atenção sentiremos que apenas uns 10% a 15% do Brasil cresceram ou se mantiveram mal e porcamente onde estavam. O resto, mais de 100 milhões de brasileiros, está cada vez mais distante do paraíso neoliberal prometido pelo esquema de forças que está no poder.
A violência urbana e rural, mais do que nunca fruto de uma caótica situação econômica, social e administrativa, chegou ao estágio inicial de uma guerra civil não declarada e não delimitada, mas verdadeira na crua realidade de todos os dias e de todos os segmentos da população.
Quando se vê esmagado pelos índices negativos de seu governo, FHC deu agora de se desapertar invocando o caso da Argentina, que em sua opinião é pior do que o nosso. Durante seis anos, ele próprio -e as cabeças coroadas de seu governo- citavam a Argentina como exemplo a seguir.
FHC e Menem sempre tiveram muito em comum. Inclusive no legado que um deixou na Argentina e que outro deixará no Brasil.


Texto Anterior: Brasília - Fernando Rodrigues: O senso comum no PT
Próximo Texto: Boris Fausto: O sapato de Cinderela
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.