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CARLOS HEITOR CONY
O legado de FHC
RIO DE JANEIRO - Marqueteiros de diversas origens, feitios e intenções
pretendem criar uma condição de
"era" para os oito anos (até agora) do
governo FHC.
Um balanço ainda que superficial e
feito por um não especialista, como
este escriba, mostra que tivemos um
dramático retrocesso no plano social,
que nem chega a ser compensado por
espasmódicos avanços em outros setores, que de uma hora para outra
poderão ser revertidos.
O desemprego subiu para 7,6%, o
maior dos últimos dois anos -e a cifra oficial está longe de retratar a situação real do mercado de trabalho,
aviltado como nunca esteve.
O consumo continua caindo, tornando inadimplentes e falimentares
grandes setores da indústria e do comércio. Juros, dívida externa e interna, balança de pagamentos -para
onde voltemos a atenção sentiremos
que apenas uns 10% a 15% do Brasil
cresceram ou se mantiveram mal e
porcamente onde estavam. O resto,
mais de 100 milhões de brasileiros, está cada vez mais distante do paraíso
neoliberal prometido pelo esquema
de forças que está no poder.
A violência urbana e rural, mais do
que nunca fruto de uma caótica situação econômica, social e administrativa, chegou ao estágio inicial de
uma guerra civil não declarada e não
delimitada, mas verdadeira na crua
realidade de todos os dias e de todos
os segmentos da população.
Quando se vê esmagado pelos índices negativos de seu governo, FHC
deu agora de se desapertar invocando o caso da Argentina, que em sua
opinião é pior do que o nosso. Durante seis anos, ele próprio -e as cabeças coroadas de seu governo- citavam a Argentina como exemplo a seguir.
FHC e Menem sempre tiveram
muito em comum. Inclusive no legado que um deixou na Argentina e
que outro deixará no Brasil.
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