|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRESCER E EMPREGAR
Os dados relativos ao emprego
e à renda divulgados pelo IBGE vão na mesma direção daqueles
apurados pela Fundação Seade e pelo
Dieese na região metropolitana de
São Paulo: em abril houve aumento
de vagas, mas a procura superou a
oferta. Com isso, o levantamento do
IBGE nas seis principais concentrações urbanas do país apresentou
uma taxa recorde de desemprego:
13,1%. Por mais que o aumento de
vagas seja um sinal positivo, o quadro continua desolador. Dos 460 mil
novos postos de trabalho, 81,5% surgiram no mercado informal.
Para tornar o cenário ainda mais
preocupante, a renda média dos trabalhadores, que havia crescido por
três meses consecutivos, voltou a
cair. Uma explicação para esse fenômeno é o aumento do trabalho informal, uma vez que a renda média de
um empregado sem carteira é de R$
542,30 e a do trabalhador formal é de
R$ 906,70. O acréscimo de pessoas
em busca de emprego, segundo o IBGE, poderia ser explicado pela necessidade de recompor a renda familiar.
O ministro do Trabalho, Ricardo
Berzoini, numa interpretação otimista da pesquisa, afirmou que o
"resultado reflete o estágio da economia quando ela ganha velocidade e
se acelera. Isso aumenta a velocidade
das pessoas que voltam ao mercado
de trabalho". O ministro acredita
que já no segundo semestre os índices de desemprego começarão a cair.
Mesmo que seja assim, a realidade
deverá permanecer muito aquém das
expectativas criadas pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O quadro é complexo e exige medidas em várias frentes: da racionalização tributária ao estímulo a setores
com mais capacidade de contratar,
passando pela melhoria do nível
educacional e da qualificação do trabalhador. Nada disso, porém, será
suficiente sem um processo vigoroso
e contínuo de crescimento econômico. É desanimador constatar que o
governo, até aqui, tem enfrentado essas questões com uma frenética rotina de anúncios e lançamentos de
programas, mas sem os esperados
resultados práticos.
Texto Anterior: Editoriais: CRÉDITO ESCASSO E CARO Próximo Texto: Editoriais: O TERROR SOBREVIVE Índice
|