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VALDO CRUZ
Crise, que crise?
BRASÍLIA - Converse com os principais líderes de oposição, aqueles menos incendiários e mais responsáveis,
e perceberá que a avaliação quase
unânime é que o governo Lula corre
o risco de entrar numa crise política
pós-eleição municipal.
O cenário traçado é que o PT vai
sair derrotado do pleito municipal,
principalmente nas capitais. Em seguida, fragilizado, pode perder o controle de pelo menos uma das Casas
do Congresso.
PFL e PSDB, com a ajuda de uns
desertores, devem lançar um candidato forte para presidir a Câmara ou
o Senado. José Sarney e João Paulo
Cunha se sentirão vingados.
Adicione-se a isso o fato de que, hoje, Câmara e Senado não estão votando nada de relevante. Talvez votem a Lei de Falências. E fica por aí.
Em julho, teremos recesso. Durante
as eleições, o Congresso vira uma verdadeira cidade fantasma.
Dentro do governo, a articulação
política deveria chamar-se bateção
de cabeça política. O ministro Aldo
Rebelo quer se aproximar da oposição. José Dirceu planeja atacá-las.
Um ambiente nada favorável à economia, que deve continuar passando
por uma zona de turbulência durante todo o período eleitoral.
Os mais pessimistas apostam que o
pior nos aguarda após a eleição. Aí,
Lula teria dois caminhos para escapar da crise: mudar completamente
sua equipe e buscar na oposição alguns aliados de peso ou dar uma guinada na política econômica.
Converse com membros da cúpula
do governo e dirão que tudo não passa de visão alarmista da oposição
-o país está crescendo, o desemprego vai cair, a Marta Suplicy vai ganhar em São Paulo etc. etc.
É bom não esquecer, também, que
Lula tem o poder da caneta. Um carguinho aqui, uma verbinha ali, e a
crise pode se desmanchar. No máximo, fica mais fisiológico.
Quem tem razão? Veremos após a
eleição. Que tal Lula não pagar para
ver e se mexer um pouco? Enxergar a
crise atual é o primeiro passo.
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