|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O CHOQUE SOCIAL
O amálgama que une os diversos grupos humanos no Brasil, constituindo a sociedade nacional, a cada dia que passa apresenta
mais pontos de tensão, de fragilidade. Duas décadas de estagnação econômica e de manutenção de brutal
concentração de renda inevitavelmente cobram seu preço em termos
de desagregação social, de violência
e de revolta. Numa cidade como São
Paulo, a classe média restringe ao estritamente necessário (serviços domésticos, por exemplo) os contatos
com a massa urbana mais pobre, que
habita as periferias.
Nesse ambiente, em que gerações
de classes diferentes atingem a maioridade por vezes sem nunca terem
convivido, é que se dão algumas iniciativas, pontuais, de tentar romper
esse muro de segregação. Foi o caso
dos alunos de classe média alta de
uma escola particular de São Paulo
que passaram cinco dias numa favela
da cidade, como parte de um projeto
pedagógico.
Experiências de choque social como essas são positivas porque os
preconceitos mútuos que um setor
guarda em relação ao outro são postos a prova. E muitas vezes não resistem, dando lugar a uma percepção
mais realista dos problemas.
A solidariedade não é um conceito
apenas moral, desgarrado do ambiente em que se travam as relações
sociais concretas. A constituição de
uma sociedade mais harmônica no
Brasil, portanto, não depende apenas da boa vontade de grupos isolados em quebrar tabus. Para que se
conquiste o objetivo, essas ações devem ser coordenadas e aproveitadas
no contexto de uma política pública
de desenvolvimento humano, com
grande ênfase na melhoria do acesso
a educação de alta qualidade.
Texto Anterior: Editoriais: LICITAÇÃO NO AR Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Seguuura, eleitor! Índice
|