São Paulo, quarta-feira, 27 de agosto de 2008

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FERNANDO RODRIGUES

Monotonia eleitoral

BRASÍLIA - A primeira fornada de pesquisas neste início de campanha eleitoral para prefeitos e vereadores mostra uma monótona semelhança com 2004. Agora, como há quatro anos, os partidos mais tradicionais dominam as disputas nas capitais e nos municípios grandes e médios.
Já há pesquisas disponíveis em 61 cidades brasileiras. O eleitorado nessas localidades soma 41,2 milhões, o equivalente a 32% dos que votarão em 5 de outubro.
Quatro partidos são hegemônicos no processo: PT, PMDB, DEM e PSDB. Essas siglas têm 51 candidatos em primeiro lugar isolados ou empatados nas 61 capitais e cidades grandes e médias pesquisadas.
Em 2004, essas mesmas quatro agremiações já haviam sido vitoriosas. Receberam 60,5% dos votos para prefeito em todo o país.
No processo atual, a história se repete. Salvo as exceções de praxe, quando não é um político de um partido grande o favorito, muitas vezes trata-se de alguém numa sigla menor com o apoio do establishment. O exemplo mais evidente é Márcio Lacerda, em Belo Horizonte. Ele é filiado ao PSB, mas tem o apoio do governador do Estado, Aécio Neves, do PSDB.
O dado mais explícito desse cenário eleitoral é simples: o sistema partidário do país está em decantação. Só não há avanços maiores por causa das aberrações legais favorecendo siglas menores, num democratismo cordial típico do Brasil.
Dos 27 partidos registrados no TSE, poucos terão capacidade de obter mais do que uma fração dos votos em outubro. Em 2004, dez siglas tiveram cada uma, no máximo, 0,3% dos votos no país. A presença desses nanicos na propaganda obrigatória na TV e no rádio é proporcionalmente muito maior.
Felizmente, e contrário à lei de Pelé, o eleitor médio tem ponderado o suficiente para isolar essa turma sem representação.

frodriguesbsb@uol.com.br



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