São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Marca histórica

SÃO PAULO - Hoje, Dilma Rousseff seria eleita presidente em primeiro turno, com 55% dos votos válidos, conforme mostra o Datafolha. Se isso se confirmar, poderá ter a votação mais expressiva da história da República pelo menos desde o fim do Estado Novo getulista, em 1945.
A marca de Dilma hoje é muito semelhante à de Fernando Henrique Cardoso em 1994, quando o tucano se elegeu em primeiro turno com 54,3% dos votos válidos.
O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, chama a atenção para o seguinte fato: a curva da ascensão de FHC em 94 é bastante similar à que Dilma descreve agora. O tucano ia na garupa do Plano Real; Dilma vai na garupa de Lula.
FHC se reelegeu em 1998 também em primeiro turno (com 53%), coisa que Lula não conseguiu fazer nem em 2002 nem em 2006.
Como curiosidade histórica, vale voltar mais no tempo. Além de FHC, apenas o general Eurico Gaspar Dutra (PSD), em 1945, foi eleito com maioria absoluta dos votos válidos numa única votação. O ministro da Guerra de Vargas obteve 55,4% dos válidos, derrotando o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN).
Até 1989, quando Fernando Collor venceu Lula no segundo turno, as eleições se resolviam num único pleito, sem que fosse necessário obter mais de 50% dos votos. Em 1950, Getúlio Vargas (PTB) teve 48,7% dos válidos, batendo o mesmo Eduardo Gomes. Em 1955, Juscelino Kubitschek (PSD) obteve 35,7% dos votos, derrotando Juarez Távora (UDN) e Adhemar de Barros (PSP).
Jânio Quadros (PDC), em 1960, teve 48,3% dos válidos, vencendo o marechal Henrique Lott (PSD).
Entre Jânio e Collor, o país cresceu demograficamente, mas sobretudo a democracia brasileira se massificou, o que é ótimo. Em 1945, Dutra teve 3,2 milhões de votos; em 1994, FHC foi eleito por 34,4 milhões. Em pouco mais de 30 dias, Dilma deve roubar o título de Dutra (proporcionalmente o mais votado). Talvez as coincidências entre ela e o general não fiquem por aí.


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