São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2011

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Do Fed, nada

O aguardado discurso do presidente do banco central americano (Fed), Ben Bernanke, acabou em anticlímax. Havia a expectativa de que indicaria os próximos passos de estímulo da economia, dada a pífia alta do PIB, de 0,8% no primeiro semestre, muito aquém das projeções de alguns meses atrás.
Bernanke reconheceu que a recuperação da economia americana decepciona e manteve a porta aberta para novas ações, caso necessárias. Não as especificou, contudo. Preferiu enviar uma mensagem genérica, de que a política de juro zero e de inundação do mercado com dólares não é a única ferramenta para combater a crise.
Gastou parte do discurso para explicar que os problemas da economia dos EUA requerem uma ação coordenada em várias frentes, em especial no aspecto de arrecadação e dos gastos do governo. Não se furtou a críticas sobre o processo de tomada de decisão nesse campo -referência ao ruído gerado pelo debate do aumento do teto da dívida, no mês passado.
Bernanke traçou também as linhas gerais de uma reforma para estimular a economia no curto prazo e, ao mesmo tempo, reduzir a dívida pública no longo prazo.
A ideia é de mais estímulos fiscais agora, na forma de tributação e gastos que animem o trabalho e o investimento, em troca de um pacto firme de menores deficits no futuro. No clima atual do Congresso, seria uma surpresa positiva se essa agenda prosperasse.
O discurso teve o claro objetivo de desviar o foco da política tocada pelo Fed. Muitos analistas consideram, por exemplo, que as ações do BC contribuíram para altas de preços de matérias-primas, em especial do petróleo, que corroem a renda das famílias. Tal ação seria, a partir de certo nível, contraproducente, dificultando a retomada econômica.
O próprio comitê de política monetária do Fed se dividiu a respeito da decisão recente de estender os juros próximos de zero até meados de 2013. Foi um sinal de que os temores de inflação não estão afastados, mesmo sob a perspectiva de atividade econômica deprimida por longo período à frente.
Fortalece-se a hipótese de que nem a mais poderosa instituição financeira do planeta guarda na manga um remédio capaz de abreviar a pasmaceira por que passa a economia dos Estados Unidos.


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