São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2005

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INTEGRAÇÃO FINANCEIRA

Os países em desenvolvimento ou "emergentes" devem receber um volume recorde de capitais externos, estimado em US$ 345,2 bilhões durante o ano de 2005, de acordo com o Instituto de Finanças Internacionais. Aproveitando a queda na aversão ao risco dos investidores internacionais, o governo brasileiro emitiu títulos de dívida externa em reais. Espera-se que esses títulos de dez anos possam auxiliar na formação de uma curva de juros (de curto, médio e longo prazo) que favoreça a rolagem da dívida pública e o financiamento do setor privado.
Diante da elevada demanda dos investidores estrangeiros, levantou-se a possibilidade de também atraí-los para o mercado de dívida pública doméstica. O secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, e o setor privado começaram negociações para aperfeiçoar os mecanismos de liquidação de operações com títulos públicos e com moeda estrangeira.
Em princípio, a entrada de novos investidores no mercado de títulos públicos pode contribuir para uma redução da taxa de juros básica da economia brasileira. Isso pode ser bastante auspicioso, dadas as elevadas taxas prevalecentes no mercado financeiro doméstico. Há, porém, que considerar os riscos de um aprofundamento da integração do mercado de capitais interno com o internacional. Por um lado, a economia brasileira pode ficar mais vulnerável aos fluxos abruptos de entrada e saída de recursos externos, aumentando a instabilidade. Por outro, pode-se ampliar a saída de capitais de investidores brasileiros, buscando diversificar os riscos financeiros.
A experiência dos países asiáticos parece sinalizar que a sustentabilidade de uma maior integração financeira requer uma estratégia de avanços no comércio exterior para manter superávits em conta corrente e acumular reservas, o que exige taxa de câmbio adequada e juros baixos.
A taxa de juros básica no Brasil permanece muito elevada para atingir ambiciosas metas de inflação, o que fomenta a excessiva valorização da taxa de câmbio. Nesse sentido, além de ampliar a integração do mercado financeiro doméstico com o externo, também é preciso que o Brasil corrija essas distorções macroeconômicas.


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