São Paulo, terça-feira, 27 de setembro de 2011

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Um sobrenome, um sorriso

SÃO PAULO - O rosto redondo, bochechudo; o cabelo penteado para trás, com ou sem gel; o sorriso aberto, o ar bonachão e meio desengonçado -fisicamente, Bruno Covas parece ser o irmão caçula ou um sobrinho de Gilberto Kassab, muito mais do que neto de Mário Covas.
Mas é à memória do avô, exclusivamente, que o jovem secretário do Meio Ambiente de Geraldo Alckmin deve os votos que teve para deputado estadual (240 mil em 2010) e a perspectiva de que venha a ser o candidato tucano à sucessão paulistana.
Bruno é um sobrenome. Ou um sobrenome e um sorriso -vá lá. Sabe-se muito pouco do que ele pensa a respeito de São Paulo. Talvez ele próprio não saiba o que pensa da cidade.
Ontem, na cerimônia que marcou a transferência de seu domicílio eleitoral, disse que São Paulo "é a vanguarda do Brasil", "a capital da solidariedade" e que empunhará, "hoje e sempre, a bandeira da renovação". Mesmo levando em conta que se tratava de um discurso político, a sucessão de clichês sem substância que saíam da sua boca chama a atenção.
Um, dois, três, é Covas outra vez -gritavam, em coro, os adeptos da sua candidatura. Pelo menos por um instante, Bruno reagrupou em torno de si o que sobrou do covismo. Se depender de Geraldo Alckmin, é com ele mesmo que vai o PSDB.
Ontem, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou a seguinte declaração do secretário: "Uma vez consegui uma emenda de R$ 50 mil para um município. Assinamos o convênio e depois o prefeito veio perguntar com quem ele deixava os R$ 5 mil. Respondi: doa para Santa Casa, eu é que não vou ficar com isso". Ao perceber o estrago, ou ser avisado dos efeitos do que dissera, Bruno veio ontem a público esclarecer que havia falado em "termos hipotéticos".
Caso pretenda tornar real a sua hipotética candidatura, Bruno Covas vai precisar se entender melhor com a realidade e com as palavras.


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