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PLANO SHARON
Numa decisão histórica, o
Knesset (Parlamento israelense) aprovou por 67 votos a 45 a proposta do premiê Ariel Sharon de retirar da faixa de Gaza os assentamentos judaicos e as tropas do Exército
que os protegem. Embora conte com
a aprovação da maioria dos israelenses, o plano de Sharon é visto como
traição por religiosos e pela extrema
direita. Nos anos 70, Sharon foi o
grande incentivador de assentamentos judaicos em terras palestinas.
A controvérsia em torno da proposta está levando a um realinhamento de forças na política israelense. Partidos ultra-religiosos, aliados
tradicionais do Likud, a legenda do
premiê, vão se afastando da coalizão
de governo. Para ficar, exigem a convocação de um referendo, com o que
Sharon dificilmente concordará. Em
contrapartida, vão se aproximando
do premiê seus rivais históricos, os
trabalhistas, que defendem o princípio de trocar território por paz.
O próprio Likud está dividido. Deputados fiéis às bases conservadoras
da legenda -que incluem os colonos dos assentamentos- votaram
contra a retirada. Alguns ministros,
que acabaram se posicionando em
favor da proposta para não serem demitidos, também cobram a realização do referendo.
Embora a decisão de deixar Gaza se
revele penosa para os israelenses -e
em especial para Sharon, outrora o
paladino dos colonos-, ela nem de
longe é suficiente para garantir um
entendimento com os palestinos.
Muito pelo contrário, há entre os árabes o receio fundado de que Sharon
pretenda entregar Gaza para conservar assentamentos na Cisjordânia,
em maior número e mais populosos.
A aprovação da retirada de Gaza é
uma boa notícia, mas é preciso que
essa não seja uma iniciativa que se
encerra em si mesma. Para que haja
um entendimento entre israelenses e
palestinos, será necessário criar um
Estado palestino viável, o que exige a
retirada israelense de todos os territórios ocupados. Sem isso, a paz na
região continuará sendo apenas uma
palavra usada, aliás por ambas as
partes, como saudação.
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