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CESAR MAIA
De volta ao Oriente
Três importantes reuniões
internacionais no espaço de
uma semana, neste mês de novembro, marcaram uma guinada em direção ao Oriente.
Nas três, o presidente Obama
esteve presente. A primeira
-a reunião do G20-, que pela
total inutilidade coonestou as
políticas econômicas da China
e EUA; a segunda, dois dias
depois, essa sim efetiva, foi a
da Apec (Ásia-Pacífico), que
decidiu, com aval dos EUA,
China e Japão, a criação de
uma mega-área de livre comércio. Ali mesmo o Peru (que
há anos tem os melhores indicadores econômicos da América Latina) assinou seu acordo de livre comércio com a
Apec; finalmente, a reunião
da Otan em Lisboa no último
fim de semana, que atribuiu-se funções que antes cabiam
ao Conselho de Segurança da
ONU.
Com a Europa em recessão
(OCDE prevê crescimento de
1,7% em 2011), com os planos
ortodoxos no Reino Unido, na
Espanha, na França e na Alemanha, as crises da Grécia,
Portugal e Irlanda, os problemas de desemprego nos EUA,
o chavismo em expansão na
América Latina (a ocupação
pela Nicarágua de faixa da
fronteira da Costa Rica é mais
um capítulo) e a política externa de Lula (que foi tratado friamente no G20), Obama tomou
o trem e atravessou o país,
saindo do Atlântico para o Pacífico. Afinal, tem que cuidar
da reeleição, depois da derrota eleitoral. As reuniões da
Apec e da Otan são decisões
tomadas e que já repercutem.
Na reunião da Otan, Obama
foi explícito: "Esse novo conceito estratégico para a Otan
identifica novas ameaças das
quais temos que defendermo-nos juntos". As ameaças são o
terrorismo, as atividades criminosas no ciberespaço, a
proliferação de armas de destruição massiva, seus meios
de distribuição...
O novo conceito estratégico
reconhece que essas ameaças
modernas exigem uma resposta global e põem em marcha um modelo de alianças
com outros países e outras organizações. A reunião ampliou a ação da Otan usando
como referencia a Isaf -força
que a Otan mantém no Afeganistão. A presença de Karzai,
seu presidente, assim como do
general comandante dos EUA-Isaf no Afeganistão, David Petraeus, afirmou o caráter operacional da reunião.
E não parou aí: a Otan será
uma aliança nuclear enquanto houver armas deste tipo no
mundo, num recado ao Irã.
Foi adotado o princípio da defesa coletiva e a política de
"porta aberta", o que permitirá futuros alargamentos. "Este
é um plano de ação histórico",
explicou Rasmussen, secretário-geral da Otan. No novo
conceito estratégico, a Otan
passa a atuar também em parcerias com outras potências.
Medvedev, presente, saudou a
decisão, pela Rússia. Assim, a
Otan chega ao Báltico, Negro e
Cáspio (Irã). E quase cola na
Coreia do Norte.
CESAR MAIA escreve aos sábados nesta
coluna.
cesar.maia@uol.com.br
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