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Energia livre
MUITO se tem falado, nos
últimos meses, do risco
de novo racionamento
no setor elétrico. Com o passar
do tempo, torna-se claro que a
ameaça paira só sobre parcela
dos consumidores de energia.
O momento oferece um teste
significativo para o modelo elétrico implantado após 2003.
Com ele passou a operar um
mercado livre, no qual se comercializa a eletricidade que excede
os contratos de longo prazo entre geradoras e distribuidoras.
Com energia sobrando, o preço
despencou no mercado livre. Bateu em R$ 61 por megawatt-hora
(MWh) em 2005. Um desconto
de 44% diante dos R$ 109 pagos
no mercado cativo. Houve corrida de grandes consumidores ao
mercado "spot". Contava com 34
participantes em 2004, cifra que
saltou para 598 em 2006. Compensava, e muito, abandonar o
porto seguro das distribuidoras.
A energia já não sobra em demasia, e os preços galgaram o patamar de R$ 80/MWh, em 2006.
Entusiastas do mercado livre enfrentam dificuldades crescentes
para fechar contratos de fornecimento a partir de 2009. O pânico
com a perspectiva de disparada
futura no custo da eletricidade
mobilizou-os numa frente de
pressão sobre o governo federal.
A Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) determinou o
expurgo, em cálculos de risco
que afetam preços, de 3.000 MW
de entrega duvidosa por termelétricas sem fornecimento de gás
natural garantido. Vale dizer,
menos energia para o mercado
livre, onde se acirrará o desequilíbrio entre demanda e oferta.
Decerto que ao governo federal cabe garantir expansão da
oferta de energia elétrica, condição para o crescimento da economia. No mais, deve observar
cautela com casuísmos que possam implicar, disfarçadamente,
subsídio do sistema a consumidores que muito já lucraram com
preços módicos. Num mercado
livre, quem especula também deve fazer provisões para o futuro.
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