São Paulo, quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

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Natal trágico nas estradas

O ANO 2007 termina mal, no que respeita a acidentes e mortes nas estradas durante o feriado natalino. Contra o padrão usual da imprudência sobre rodas, houve mais mortes no Natal do que no Carnaval.
Nas estradas federais, o saldo de 2.561 acidentes é desalentador. Foram 196 mortes em cinco dias. A média de óbitos por dia de feriado subiu 74,2%, para 39,2, em relação ao Natal de 2006.
Com a economia crescendo em torno de 5%, há mais carros em circulação -quase 50 milhões, no Brasil todo- e renda para adquirir combustível e bebida. Muitos teriam optado pelas estradas, ainda, por falta de confiança na aviação em crise. São explicações plausíveis, assim como a imprudência do condutor brasileiro, destacada pela Polícia Rodoviária Federal (81% dos acidentes ocorrem em pista avaliada como boa e 71% em retas).
Há mais fatores envolvidos que o crescimento vegetativo de desastres, contudo, como sugerido pela comparação com estradas paulistas. Registraram-se nestas 44 mortos por volta do Natal, ou 8,8 por dia; em 2006, haviam sido 30, ou 7,5 por dia. Um acréscimo lamentável, também, mas não equivalente, de 17,3%.
A principal diferença entre estradas paulistas e federais está na qualidade. Do asfalto à sinalização e do policiamento ao número de radares fixos, a superioridade das primeiras é patente.
Além disso, norma estadual proíbe a venda de bebidas alcóolicas ao longo de tais vias. Ainda que não haja nada a comemorar, pois as próprias estradas paulistas se tornaram menos seguras, fica evidente que manutenção e fiscalização não revertem só em eficiência e conforto, mas em vidas poupadas.
O governo Lula deu um passo na direção correta, em outubro, ao leiloar seu primeiro bloco de sete estradas. Que esse gesto de superação do preconceito antiprivatista frutifique, abrindo novo ciclo de investimento nas rodovias federais e no restante da infra-estrutura do país.


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