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Natal trágico nas estradas
O
ANO 2007 termina mal, no
que respeita a acidentes e
mortes nas estradas durante o feriado natalino. Contra
o padrão usual da imprudência
sobre rodas, houve mais mortes
no Natal do que no Carnaval.
Nas estradas federais, o saldo
de 2.561 acidentes é desalentador. Foram 196 mortes em cinco
dias. A média de óbitos por dia de
feriado subiu 74,2%, para 39,2,
em relação ao Natal de 2006.
Com a economia crescendo em
torno de 5%, há mais carros em
circulação -quase 50 milhões,
no Brasil todo- e renda para adquirir combustível e bebida.
Muitos teriam optado pelas estradas, ainda, por falta de confiança na aviação em crise. São
explicações plausíveis, assim como a imprudência do condutor
brasileiro, destacada pela Polícia
Rodoviária Federal (81% dos acidentes ocorrem em pista avaliada como boa e 71% em retas).
Há mais fatores envolvidos que
o crescimento vegetativo de desastres, contudo, como sugerido
pela comparação com estradas
paulistas. Registraram-se nestas
44 mortos por volta do Natal, ou
8,8 por dia; em 2006, haviam sido 30, ou 7,5 por dia. Um acréscimo lamentável, também, mas
não equivalente, de 17,3%.
A principal diferença entre estradas paulistas e federais está
na qualidade. Do asfalto à sinalização e do policiamento ao número de radares fixos, a superioridade das primeiras é patente.
Além disso, norma estadual
proíbe a venda de bebidas alcóolicas ao longo de tais vias. Ainda
que não haja nada a comemorar,
pois as próprias estradas paulistas se tornaram menos seguras,
fica evidente que manutenção e
fiscalização não revertem só em
eficiência e conforto, mas em vidas poupadas.
O governo Lula deu um passo
na direção correta, em outubro,
ao leiloar seu primeiro bloco de
sete estradas. Que esse gesto de
superação do preconceito antiprivatista frutifique, abrindo novo ciclo de investimento nas rodovias federais e no restante da
infra-estrutura do país.
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