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IGOR GIELOW
O poder de Dirceu
BRASÍLIA - José Dirceu está na plenitude de seu poder. Será interessante
acompanhar como a sua promoção
oficial a gerente da máquina ministerial será recebida por algumas
áreas do governo. Não deverá haver
problemas, por exemplo, na Educação pós-Cristovam Buarque. Mas
mal colocou o crachá de superpoderoso, que, de todo modo, já guardava
no bolso, e o chefe da Casa Civil falava em nome da Fazenda.
Dirceu apareceu ontem no Congresso. Reafirmando que só estava ali
por cortesia, disse que a Fazenda é a
favor do polêmico projeto que estende alguns benefícios da Zona Franca
de Manaus à Amazônia Legal.
Ops. Até onde se sabe, a equipe econômica, com os liberais Marcos Lisboa (Secretaria de Política Econômica) e Joaquim Levy (Tesouro) à frente, não gosta de propostas que implicam renúncia fiscal. A assessoria de
economia da bancada do PT, partido
de Dirceu, condenou o projeto.
Antonio Palocci (Fazenda) demonstrou habilidade política, saindo-se com algo na linha ""apóio, mas
vamos examinar". Até agora, circunscreveu o grosso das críticas à política econômica ao BC e alimentou o
mito de que o presidente do órgão,
Henrique Meirelles, é 100% independente. Fingiu que não perdeu a disputa pela chefia da Anatel e Lisboa
ficou com a fama de derrotado.
Os entrechoques não são uma novidade. No começo do ano, quando
Dirceu disse que o governo não mandaria o projeto de autonomia do BC
para o Congresso, ele recuou. Mas na
prática, e é isso o que interessa, ninguém acredita que a idéia vá vingar
tão cedo. E todos ficam felizes.
Em público, Dirceu e Palocci vão
sempre dizer que são Castor e Pollux,
os irmãos da mitologia grega que, de
tão inseparáveis, viraram a constelação de Gêmeos. Se serão Caim e Abel,
dupla famosa por outros motivos, só
o tempo dirá. O ex-premiê britânico
Harold Wilson (1916-95) citava uma
frase, na verdade do chinês Confúcio
(c. 551-479 a.C.), que dizia que uma
semana é muito tempo em política.
Em Brasília, a semana tem três dias.
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