São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2004

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FORTES INDÍCIOS

Quanto mais avançam as ainda incipientes investigações em torno das atividades de Waldomiro Diniz na Casa Civil, mais fortalecem-se os indícios de que o ex-assessor de Assuntos Parlamentares do ministro José Dirceu participou de negociações que poderiam ser caracterizadas como tráfico de influência durante sua permanência no cargo. A Polícia Federal começa a investigar a possibilidade de que Waldomiro Diniz tenha promovido gestões comprometedoras com vistas à renovação do contrato entre a Caixa Econômica Federal e a empresa Gtech, especializada no gerenciamento de loterias.
Já se tornou insustentável a conveniente e fantasiosa versão de que o caso estaria circunscrito à negociata que teve lugar em 2002, no Rio de Janeiro, quando o ex-assessor trocou favores, comissões e contribuições para campanhas com um "empresário do jogo". Poucos duvidam hoje de que a posição estratégica ocupada pelo ex-assessor no governo federal foi utilizada para outras ações pouco abonadoras.
A Polícia Federal diz aguardar da Justiça uma autorização para a quebra do sigilo fiscal e bancário do investigado. A Receita Federal e o INSS já teriam iniciado o cruzamento de informações que poderiam indicar irregularidades. Em que pesem as naturais inseguranças sobre quão profundas e rigorosas tais investigações poderão ser, não há por ora nada que indique interferência do governo nas apurações. Espera-se que a quebra do sigilo seja autorizada.
Independentemente do que mais se descubra, desde já causa estranheza o fato de que homem tão experiente e arguto, como mostrou ser o ministro José Dirceu ao longo de sua carreira, tenha se equivocado na escolha de um assessor a ser alojado no Planalto com a delicada missão de negociar com parlamentares.


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