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ELIANE CANTANHÊDE
Ou vai ou racha
BRASÍLIA - O Datafolha de hoje
confirma a previsão do Planalto e
não deixa alternativa para os tucanos: agora, ou vai ou racha.
Significa que o tempo de hibernação de José Serra se esgotou e que
ele tem de se lançar já à Presidência, antes que seja tarde. Como significa que a eleição atingiu o ponto
ideal para a definição de Aécio Neves: sempre se soube, mas nunca tinha ficado tão evidente o quanto
sua candidatura a vice é fundamental para a oposição.
Quanto mais Dilma é identificada
como candidata de Lula, mais ela
cresce, e estava escrito nas estrelas
do PT que aquele aguaceiro em São
Paulo, os dissabores de Gilberto
Kassab na prefeitura e a debacle do
DEM no DF iriam afetar Serra.
Ainda não tecnicamente, mas na
prática a pesquisa registra um empate, com duas más notícias para
Serra: Dilma Rousseff sobe consistentemente, e ele, que se mantinha
sólida e estavelmente no topo, passou a cair. O cruzamento desses
dois movimentos é fatal para o tucano, a não ser que seja contido. Como? Só ele, seus aliados e estrategistas podem saber, mas Aécio já
era importante e passou a ser vital.
Em todos cenários -com ou sem
Ciro, no primeiro ou segundo turno-, Dilma ganhou pontos, Serra
perdeu. E em igual proporção, como os 5 a mais de uma e os 5 a menos do outro com Ciro na disputa.
O dado mais poderoso, porém, é a
perda de três pontos de Serra no
Sudeste, que tem 42% do eleitorado. Para subir a rampa, Serra tem
não só de ganhar bem nessa região
como compensar aí o que certamente Lula dará a mais para Dilma
no Norte e no Nordeste. Com Aécio
é possível. Sem ele...
No discurso serrista, tudo isso é
porque "a campanha nem começou". Só que, quando começar, Dilma vai continuar como hoje, com
muito mais tempo de exposição positiva na TV, sem contestação.
Voltando à vaca fria, a oposição
ou vai de Serra e Aécio ou racha.
Na política, rachar é sinônimo de
perder.
elianec@uol.com.br
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