São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2001

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FERNANDO RODRIGUES

As chances da CPI

BRASÍLIA - Continua absolutamente igual há um mês a chance de sair a CPI da corrupção. Sem um caso mais forte, comprovado, que bata no Palácio do Planalto, é quase impossível a instalação.
No atual cenário, tende ao infinito o poder de FHC. Ainda mais agora, com a popularidade do presidente tendo oscilado positivamente, de 24% para 26% -segundo pesquisa Datafolha publicada no domingo.
As dificuldades para a instalação da CPI começam na coleta das assinaturas. Se fosse tão fácil instalar, já haveria senadores e deputados suficientes para tal. O fato de muitos se dizerem indecisos (sic) demonstra o tipo de negociação heterodoxa em curso.
Alguém acredita que exista senador ou deputado indeciso? Há de tudo no Congresso, menos gente indecisa.
São necessários 27 senadores (de um total de 81) e 171 deputados (de um total de 513) para que o requerimento da CPI prospere. É uma CPI mista. É possível que a oposição consiga os 27 senadores.
Digamos que isso aconteça. Não adianta nada. Sem as 171 assinaturas de deputados a CPI não sai.
Seria possível, então, fazer uma CPI apenas no Senado. Mas outro requerimento teria de ser redigido, para uma nova coleta de assinaturas.
A rigor, a coleta de assinaturas é o obstáculo mais fácil. Difícil mesmo é obrigar os líderes partidários a indicar os membros para a comissão.
É óbvio que os líderes do PSDB, PMDB e PFL, para citar os principais, não indicarão os nomes. Sem nomes, não há CPI. Cria-se o impasse.
A decisão cai na mão do presidente do Congresso (no caso de CPI mista), Jader Barbalho. Ele pode fazer as nomeações à revelia. Ganha um doce quem conseguir prever qual será a decisão de Jader Barbalho se essa situação de fato vier a ocorrer.
  Hoje, 84% são a favor da CPI. Em 97, pesquisa Datafolha mostrou que 91% dos paulistanos eram a favor da CPI da reeleição. Não houve CPI. Ninguém foi punido. FHC foi reeleito no primeiro turno em 98.



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