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PROTESTOS NA FRANÇA
Os protestos contra a Lei do
Primeiro Emprego (CPE) na
França desafiam a lógica. Indicam
que os jovens franceses vivem uma
espécie de alienação, na qual é possível comer a omelete e, ao mesmo
tempo, conservar os ovos. Não é.
A França tem um problema bastante concreto diante de si: o alto desemprego entre jovens. A taxa nacional de desocupação é de 9,6%, mas
chega a 22,2% entre jovens e a 40%
nos subúrbios pobres. Nesse contexto, é plenamente justificável a CPE
proposta pelo governo do premiê
Dominique de Villepin, que pretende
estimular a contratação de pessoas
de até 26 anos, permitindo que as
empresas as dispensem com menores custos durante os primeiros dois
anos do contrato.
Ao tentar negar as regras mais elementares da economia de mercado,
os jovens franceses brancos, secundados pelos sindicatos, como que
negam à periferia empobrecida
-aos descendentes de árabes e africanos- o direito de integrar-se à sociedade através de um emprego.
Não havia garantias de que a CPE
funcionaria e lograria seus objetivos.
Sem a iniciativa, contudo, é certo que
a situação não irá melhorar. E ninguém poderá afirmar ter sido surpreendido se, dentro em breve, novas
manifestações de violência promovidas por filhos de imigrantes magrebinos incendiarem Paris.
Pesquisa divulgada neste fim de semana mostra que a esmagadora
maioria dos franceses -63%- se
opõe à CPE. Eles parecem acreditar
que a relativa estabilidade de empregos preconizada pela legislação é um
direito, e não uma conquista. Poderiam pretender mantê-la se aumentassem proporcionalmente sua produtividade. Como esse não é o caso,
tudo o que conseguem é tornar-se
cada vez menos competitivos.
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