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ELIANE CANTANHÊDE
Fim de festa
BRASÍLIA - A queda de Palocci confirma uma combinação explosiva do
governo Lula: desconhecimento,
inexperiência e arrogância. Jogar o
peso do Estado contra um caseiro que
ousou desmentir um ministro já
raiava a loucura. Como foi o presidente da CEF quem violou o sigilo
bancário e quem entregou em mãos o
troféu para o ministro da Fazenda, é
pura loucura.
Mas tem a ver com um governo que
achava que podia tudo: calar a boca
de procuradores, da imprensa e dos
funcionários públicos, expulsar um
jornalista estrangeiro e estimular
borbulhantes casas de lobistas.
Antes, tudo era explicado como
reação a um "golpe das elites" contra
o operário que chegou à Presidência.
Desta vez, não colou. Francenildo é
um mero caseiro piauiense de 24
anos -pobre e eleitor de Lula.
A paciência e as opções estão minguando. Os homens do presidente,
Dirceu, Gushiken, Genoino e Palocci,
caíram, um a um, e só sobraram o senador Aloizio Mercadante e o presidente do BNDES, Guido Mantega.
Mercadante virou três-em-um: foi
um dos dois nomes lembrados para a
Fazenda, mas tem de negociar com
PFL e PSDB e conter os arroubos do
PT no Senado -e é quem está melhor para o governo de São Paulo,
apesar do risco de perder para o tucano José Serra no primeiro turno.
Deu Mantega na Fazenda. Foi
igualmente voz econômica do PT durante muitos anos, mas passa a impressão de que Lula tem de pescar no
segundo escalão para concluir minimamente o primeiro mandato.
Já era voz corrente que os melhores
ministros não são do PT, como Márcio Thomaz Bastos, Celso Amorim,
Roberto Rodrigues e Luiz Fernando
Furlan. Se houver novas baixas, a situação ficará crítica. Como hipótese:
se Henrique Meirelles saísse, quem
assumiria o BC? Lula, ao assumir,
ainda com todo o gás e se comportando como se tivesse chegado para ficar
20 anos, tentou seis nomes, sem sucesso. Chegou ao tucano Meirelles
por exclusão. Imagine hoje. Melhor:
imagine um segundo mandato.
@ - elianec@uol.com.br
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