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EMÍLIO ODEBRECHT
Delegar
para crescer
O PARTIDO DA descentralização de gestão ainda é motivo
de questionamentos e de incertezas por parte de administradores públicos e de empresas privadas. Não deveria ser assim.
No serviço público, sua adoção
resultaria em um atendimento de
melhor qualidade à população,
porque haveria mais clareza
quanto aos responsáveis, a base
que atende ao público seria priorizada e teríamos estruturas de
apoio mais enxutas, principalmente no topo.
No âmbito das organizações empresariais, a descentralização é a
melhor forma de promover o crescimento dos negócios, mediante a
ocupação de espaços, e o das pessoas, porque permite a criação de
ambientes similares a pequenas
empresas, nos quais líderes e liderados podem pensar e agir como
donos. É a ideia da confederação de
pequenas empresas, autônomas,
mas sinérgicas entre si.
E por que tantas empresas não
descentralizam? Certamente porque este é um processo que exige
confiança. Se eu desconfio, não delego; se não delego, centralizo, ou
pior, fico no meio-termo. Quando
centralizo, o tamanho da empresa
é o tamanho das minhas possibilidades, não é o tamanho das possibilidades de todos.
Mas um processo de descentralização, para funcionar, não se pode
limitar aos serviços. Deve abranger
a gestão como um todo, com responsabilidade e autoridade correspondentes, de modo a assegurar a
quem recebe a delegação a possibilidade de ocupar os espaços e decidir integralmente, na hora certa.
Responsabilidade sem autoridade é limitação, não é delegação. E
autoridade sem responsabilidade é
baderna. Já o direito de aprender
com os próprios erros deve ser parte desse processo. A dimensão e as
consequências do erro serão mitigadas pela prática do que chamo de
pedagogia da presença. Quem delega o poder e a responsabilidade
tem o dever de oferecer a quem delegou: tempo, presença, experiência e exemplos.
Portanto, descentralizar não é
abdicar, porque a delegação exige
alinhamento cultural e filosófico,
domínio do negócio, dos objetivos,
prioridades e resultados desejados,
com definição prévia de partilha
dos lucros. A relação é de sociedade
e parceria entre o líder e os seus
liderados.
Nesse sentido, a descentralização é um processo que precisa ser
acompanhado e avaliado numa
perspectiva de compromisso mútuo -do líder, que deve ser um
educador capaz de transferir cultura e competências, e do liderado,
que deve investir no autodesenvolvimento para que alcance resultados tangíveis e intangíveis, através
da satisfação dos seus clientes.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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