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A PARCERIA BRASIL-EUA
A visita ao Brasil da secretária
de Estado norte-americana,
Condoleezza Rice, ocorre num quadro em que países latino-americanos, como a Bolívia, o Equador e a
Nicarágua, passam por turbulências
sociais e crises políticas, ao mesmo
tempo em que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, não dá sinais de
que irá recuar de sua linha de confrontação com os Estados Unidos.
Embora concentrada em suas prioridades no Oriente Médio, a política
externa da administração George W.
Bush não pode, obviamente, deixar
de acompanhar o que se passa na
América Latina -onde o Brasil, como declarou a própria secretária, é tido como parceiro estratégico.
De fato, a viagem de Rice, que
acontece pouco depois da visita do
secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, não parece confirmar interpretações correntes de que a diplomacia
brasileira segue uma linha de afastamento em relação aos EUA.
Em que pesem as desavenças comerciais, os atritos na Alca, a oposição à Guerra do Iraque e as inclinações antiamericanistas de setores do
Itamaraty, o Brasil de Lula tem desempenhado na região o papel que
os EUA esperam. O governo brasileiro apresentou-se para enviar tropas e
comandar uma espinhosa missão no
Haiti, não apoiou a agressiva linha de
renegociação da dívida adotada pela
Argentina e tem colaborado com informações estratégicas no combate à
guerrilha colombiana.
No que tange a Chávez, o Brasil, a
despeito de alguns gestos de "apoio"
ao caudilho, tem se encarregado de
transmitir os recados de Washington e atuar como moderador, procurando evitar os graves danos de um
desenlace intervencionista.
Há inúmeras razões históricas, políticas, comerciais e pragmáticas para explicar o bom entrosamento nos
bastidores do governo Lula com os
EUA, mas também concorre para isso o desejo do Brasil de ser reconhecido como líder regional e despertar
a simpatia da Casa Branca em relação a seu pleito de tornar-se membro
permanente do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas.
Não parece aconselhável, entretanto, que o governo brasileiro alimente
muitas esperanças sobre tal apoio,
nem muito menos que subordine a
sua política externa apenas a esse objetivo. Os norte-americanos, aliás,
apesar de todas as mesuras, têm dado sinais de que se inclinam por uma
reforma bastante restrita do CS. E
uma política de boas relações com os
EUA, que não se confunda com submissão, é a escolha acertada para o
Brasil, independentemente de futuras e incertas reformas na ONU.
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