São Paulo, quinta-feira, 28 de abril de 2005

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CRISE DOS PLANOS

Alguns planos de saúde, principalmente os de menor porte, estão em dificuldades financeiras. É por isso que o governo cogita de criar linhas de crédito especiais para que o setor possa reestruturar-se através de fusões e aquisições. Existem hoje no mercado 1.797 operadoras, que respondem pela assistência a 40,1 milhões de brasileiros.
A estratégia pode ser útil. Uma maior concentração tenderia a absorver as empresas em piores dificuldades, em que pese o risco de redução da concorrência. A verdade, porém, é que o problema dos custos médicos é grave e de difícil solução.
Novas tecnologias, que tendem a ser cada vez mais caras, são continuamente incorporadas às boas práticas médicas, especialmente em hospitais privados. O resultado é que a alta dos custos é superior à da inflação medida pelos índices ao consumidor. Logo, planos de saúde que ofereçam cobertura para todas as doenças com o melhor tratamento disponível, como exige a lei, precisariam ter seus preços reajustados acima da inflação - e muito poucos clientes poderiam pagá-los.
Como isso não é factível, assiste-se a um verdadeiro cabo-de-guerra, em que operadoras tentam reduzir seus custos piorando progressivamente a remuneração dos médicos e hospitais ou tentando recusar o maior número possível de atendimentos. Criou-se um ambiente no qual praticamente todos estão descontentes.
Para tentar sair do dilema é necessário que todos, especialmente usuários e médicos, evitem onerar o sistema com consultas, internações e exames desnecessários. Pela atual sistemática, um teste ou um dia no hospital a mais parecem não ter custo. Na verdade, porém, constituem despesas que são pagas por todos os usuários do sistema.


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