São Paulo, terça-feira, 28 de abril de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENDÊNCIAS/DEBATES

As cooperações entre o Irã e o Brasil

MOHSEN SHATERZADEH


Esses dois países, levando em conta a situação atual, seu papel e sua influência, estão interessados em desenvolver suas relações

PARA ANALISAR as relações entre o Irã e o Brasil, é necessário olhar para a atual posição dos dois países no mundo e os pontos de vista comuns nas políticas dos dirigentes dos dois países.
O Brasil, hoje, com uma população de cerca de 200 milhões de habitantes, é considerado a décima economia mundial, o maior país da América Latina e um ator influente no mundo multilateral, além de elemento eficaz nos processos de estabelecimento da paz no mundo, na luta contra pobreza, a exclusão, a opressão e a discriminação racial.
A República Islâmica do Irã, em sua região, é uma potência em todos os campos políticos, econômicos, científicos e tecnológicos, com seus grandes recursos e a riqueza de sua força humana, técnica e eficiente, tendo alcançado o cume na ciência e na tecnologia em diversos campos. O país também é presença forte, séria e eficiente nas relações mundiais.
Hoje, não se pode julgar o Brasil com as ideias antigas de que é um país muito duvidoso. Atualmente, o Brasil é considerado uma das potências emergentes, com sua capacidade econômica e política, pela qual está se candidatando a um assento no Conselho de Segurança da ONU.
É nesse sentido que esses dois países, situados em dois pontos distantes no mundo, levando em conta sua situação atual e seu papel e influência internacionais, estão interessados em desenvolver suas relações.
Nos últimos meses, o Irã e o Brasil testemunharam um novo e importante desenvolvimento nas suas relações bilaterais. Após 17 anos desde a última visita do mesmo tipo, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, visitou o Irã. E, depois de 16 anos, o chanceler iraniano, Manouchehr Mottaki, visitou o Brasil.
As conversas entre os dois chanceleres são, seguramente, o alicerce na nova arquitetura das relações entre ambos os países. O auge dessa nova estrutura serão as visitas dos presidentes das duas nações. A primeira já na primeira semana de maio, quando o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, vem ao Brasil.
A política externa da República Islâmica do Irã, dentro do quadro de desenvolvimento das suas relações com os países do chamado Sul, busca aprofundar as relações em todos os campos com a República Federativa do Brasil. Um dos critérios que mais ajudam na aproximação dos dois países são as visões de ambos os chefes de Estado a respeito dos assuntos internacionais. O slogan dos dois presidentes é "justiça social, combate à pobreza e à exclusão".
Nos últimos anos, o Irã islâmico, que se desenvolveu em diversas áreas econômicas e sociais, tem sido considerado um dos centros importantes da produção cientifica e tecnológica e das ciências avançadas no continente asiático e no Oriente Médio, especialmente no campo da energia, indústria e minas, pesquisa científica, nanotecnologia e biotecnologia.
Estamos diante do surgimento de novas potências no mundo, as quais estão quebrando o monopólio da produção científica e industrial que há pouco pertencia somente a poucos países. Nesse contexto, o Irã e o Brasil têm palavras a dizer. Certamente isso trará muitos meios para o desenvolvimento dos países do Sul.
O Irã e o Brasil, com seus conhecimentos da situação do mundo, conscientes de seu papel e de sua influência na cena global, estão interessados em intensificar as suas cooperações.
No governo do presidente Ahmadinejad, existe um esforço pela promoção das cooperações do Irã com os países da América Latina, baseado no princípio do respeito mútuo e da não intervenção nos assuntos internos de outros países. As recentes visitas dos dois chanceleres abriram novos horizontes na pluralização dessas cooperações bilaterais.
As duas partes têm a intenção de criar suportes eficazes por meio da implantação de grupos setoriais de especialistas em diversas áreas e, também, por meio dos contatos políticos, chegando a um novo patamar nas relações entre si.
Nesse sentido, foi acertado que o presidente Lula fará uma visita oficial à República Islâmica do Irã, assim como vem o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil, chefiando uma extensa delegação econômica, com a presença de autoridades de alto nível do país. O Brasil também prometeu levar, com o presidente Lula, uma comitiva de grandes empresários ao Irã.


MOHSEN SHATERZADEH , 50, é o embaixador da República Islâmica do Irã no Brasil.

Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br


Texto Anterior: Frases

Próximo Texto: João Leiva Filho: Saldo da Lei Rouanet é amplamente positivo

Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.