São Paulo, sexta-feira, 28 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Greve na universidade
"Lamentável a greve deflagrada pelas lideranças sindicais da USP, que desconhecem totalmente a Lei de Responsabilidade Fiscal. Essa greve reflete bem a cultura barnabé presente no funcionalismo público de um modo geral, exceção feita aos militares, dispostos aos sacrifícios necessários. Com 95% dos recursos da USP comprometidos com a folha de pagamento, o Sintusp parece pensar que a USP só existe para os funcionários e que um aumento de salário é muito mais importante do que a estabilidade no emprego, importante privilégio do funcionalismo público brasileiro."
Hamilton Cruz Neves Júnior (São Paulo, SP)

Celso Daniel
"Em relação ao texto "Laudo técnico contraria a versão de deputado do PT" (Brasil, 26/5), quero ressaltar que o ato de solidariedade ao deputado Donisete Braga teve a participação de 71 deputados dos 94 que integram o Legislativo paulista. Todos os líderes dos 14 partidos representados na Assembléia manifestaram apoio ao deputado. Na coletiva que demos após o ato, entregamos à jornalista Lilian Christofoletti documento do MP que comprova a quebra do sigilo telefônico do deputado, o que os promotores tentaram desmentir. Ainda na ocasião foi entregue uma relação de ligações captadas por diferentes ERBs com intervalo de segundos, omitida na reportagem. O texto principal, em vez de reportar-se ao ato de solidariedade, requenta reportagem publicada em 21/5 sobre o laudo da operadora de telefonia Vivo. Na entrevista coletiva de 20/5, o deputado entregou à jornalista cópia de foto que registra sua presença no Palácio dos Bandeirantes no horário em que aparecem os registros das ligações. O "lide" do texto afirma que o deputado é acusado de participação no assassinato e coloca entre aspas a declaração do promotor -"o parlamentar nunca foi investigado por nós". Quem o acusou então? A Folha? Não é verdade que eu tenha sugerido a quebra do sigilo telefônico de outras pessoas. Coloco à disposição gravação da entrevista em que desafiei os jornalistas a ir ao Palácio dos Bandeirantes realizar dez ligações com celular da Vivo e pedir à empresa um relatório das chamadas."
Cândido Vaccarezza, líder do PT na Assembléia Legislativa de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta da jornalista Lilian Christofoletti - O deputado demonstra desconhecer o caso ao misturar dois laudos distintos emitidos pela Vivo. A reportagem de 26/5 foi baseada no laudo requisitado pelo próprio deputado Donisete Braga (PT), que, apesar de usá-lo virtualmente em sua defesa, se negou a apresentá-lo à imprensa. Em relação à "acusação", o nome do deputado foi levantado pela Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo, que requisitou a abertura de inquérito criminal para apurar a eventual participação dele no assassinato do prefeito Celso Daniel. O documento entregue durante a coletiva confirma laudo da Vivo, segundo o qual o celular de Braga estava na região do crime. Além disso, a foto entregue pelo deputado não tem horário, ao contrário do que diz o missivista.

Defesa
"Em relação à reportagem "Russos querem lançar satélites do Brasil" (Ciência, 26/5), de Salvador Nogueira, sobre a possibilidade de cooperação na área espacial entre o Brasil e a Rússia, o Ministério da Defesa esclarece que não teve e não tem nenhum contato com a empresa Orion Space Ventures sobre proposta de cooperação na área espacial ou em qualquer outra área e que as conversações a respeito do projeto de cooperação espacial entre o Brasil e a Rússia são conduzidas de governo a governo, sem a participação de qualquer ente privado."
Orlando Vieira de Almeida, assessor especial do ministro da Defesa (Brasília, DF)

Venezuela e EUA
"Quanto cinismo contém o artigo de Roger Noriega ("Preservando a democracia na Venezuela", "Tendências/Debates", 26/5), alto funcionário do governo dos EUA. Em nenhum momento o senhor Noriega informa que a) o governo dos Estados Unidos, violando o Acordo Interamericano pela Democracia, respaldou o golpe de Estado de abril de 2002 contra o legítimo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, eleito e reeleito em eleições limpas e democráticas; b) o governo norte-americano apoiou a greve empresarial de dezembro/janeiro de 2003 com base na sabotagem à Petróleos de Venezuela -o que causou prejuízo de mais de US$ 10 bilhões; c) o governo americano financiou com milhões de dólares entidades locais que se contrapõem por todos os meios, democráticos ou não, ao governo Chávez; d) estão abrigados nos Estados Unidos militares golpistas, prófugos da Justiça venezuelana, acusados de atentados terroristas; e) 130 paramilitares colombianos, apoiados em notórios golpistas internos, invadiram a Venezuela num plano sinistro de magnicídio e derrocada do governo; f) as 800 mil assinaturas que estão sendo levadas ao processo de "reparo" mostraram fortes evidências de fraude; g) o governo dos Estados Unidos respeitará a decisão do Conselho Eleitoral, órgão constitucionalmente competente, seja qual for o resultado."
Max Altman (São Paulo, SP)

Bolsa de Mercadorias
"Na reportagem "Operação atípica intriga mercado" (Dinheiro, pág. B12, 27/ 5), assinada por Érica Fraga, a Folha comenta fato ocorrido na Bolsa de Mercadorias e Futuros. A notícia insiste no boato divulgado no dia anterior em jornal carioca que mereceu meu imediato repúdio por carta em que afirmei que há 15 anos não opero em Bolsas brasileiras. Na carta eu disse que "sou conselheiro de investidores internacionais que tradicionalmente são compradores, já que apostam no desenvolvimento do país". A Folha, ao repetir a divulgação da inverdade, mencionou várias hipóteses e afirmou que "corriam boatos de que a operação teria sido feita por Naji Nahas, investidor que ficou famoso por ter feito operações, em 1989, que provocaram prejuízos à Bolsa de Valores do Rio". Há 15 anos, na crise das Bolsas, reagi com toda energia à campanha contra mim que foi orquestrada pelos manipuladores que, lastreados nos então dirigentes da Bovespa, desestabilizaram o mercado e puseram em mim a culpa. Sofri em silêncio, como vítima, por todo esse tempo e recebi, em inúmeros procedimentos administrativos e em diversos processos judiciais, sucessivas decisões que desmascararam os verdadeiros culpados, restabeleceram a verdade e vão, em tempo breve, pôr um ponto final em tudo isso."
Naji Robert Nahas (Londres, Inglaterra)

Grupos específicos
"Na reportagem "Anistia diz que tortura cresce no Brasil" (Mundo, pág. A12, 27/5), o pesquisador da Anistia Internacional Tim Cahill se refere a "grupos específicos" que não recebem punição em detrimento do geral. Com certeza, os grupos específicos são os criminosos de colarinho branco e os políticos que dilapidam o patrimônio público. Os crimes desses grupos fomentam a violência, pois o dinheiro que roubam seria usado em uma infinidade de ações de interesse social. Em vez de punição, esse grupo é premiado com mandatos eletivos. Se os "Datenas" da vida dessem aos crimes desses grupos a mesma ênfase que dão aos delitos do outro grupo social apontado pelo pesquisador -e contra o qual se pede até a pena de morte-, talvez a sociedade demonstrasse contra eles a mesma indignação."
Bezaleel Guimarães (Boa Vista, RR)


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