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CLÓVIS ROSSI
Fracasso na floresta
MADRI - O ministro Roberto
Mangabeira Unger demonstrou ser
muito menos ignorante sobre a
Amazônia do que ele próprio admitiu na entrevista a Iuri Dantas e
Marta Salomon, ontem publicada.
No essencial, seu diagnóstico é
este: "Um número pequeno de brasileiros acha que a Amazônia deve
ser preservada como um parque.
Um número igualmente pequeno
de brasileiros aceita entregar a
Amazônia às formas predatórias da
atividade econômica. A grande
maioria insiste no desenvolvimento sustentável, mas não sabe como
conseguir".
O diagnóstico parece perfeitamente aceitável, ainda que se possa
discutir a quantificação das posições envolvidas.
Se o diagnóstico é bom, o problema começa no remédio: como o ministro admite que "a grande maioria" não sabe "como conseguir" o tal
desenvolvimento sustentável, a
coisa vai mal, muito mal.
O que, aliás, Mangabeira Unger
também aceita ao dizer: "Nosso
problema é que não temos feito
nem de longe o suficiente, nem em
matéria de preservação, nem em
matéria de desenvolvimento".
Se se considerar que já são cinco
anos e cinco meses de governo Lula,
um de seus ministros está admitindo um redondo fracasso. E, como
restam apenas dois anos e sete meses, fica mais complicado corrigir a
rota na metade do tempo que se
gastou para fracassar.
Pior: mesmo que, quantitativamente, o ministro esteja certo na
sua divisão sobre os preservacionistas e os destruidores, parece evidente que, politicamente, o segundo grupo é mais forte. Basta ver a
desenvoltura com que o governador Blairo Maggi diz, por exemplo,
que "não se faz agricultura ou pecuária sem retirar a floresta".
PS - A viagem a Madri é para seminário, a convite da Fundação Carolina, majoritariamente do governo espanhol, e da Fundação Novo
Jornalismo Iberoamericano.
crossi@uol.com.br
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