São Paulo, quarta-feira, 28 de maio de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Fracasso na floresta

MADRI - O ministro Roberto Mangabeira Unger demonstrou ser muito menos ignorante sobre a Amazônia do que ele próprio admitiu na entrevista a Iuri Dantas e Marta Salomon, ontem publicada.
No essencial, seu diagnóstico é este: "Um número pequeno de brasileiros acha que a Amazônia deve ser preservada como um parque.
Um número igualmente pequeno de brasileiros aceita entregar a Amazônia às formas predatórias da atividade econômica. A grande maioria insiste no desenvolvimento sustentável, mas não sabe como conseguir".
O diagnóstico parece perfeitamente aceitável, ainda que se possa discutir a quantificação das posições envolvidas.
Se o diagnóstico é bom, o problema começa no remédio: como o ministro admite que "a grande maioria" não sabe "como conseguir" o tal desenvolvimento sustentável, a coisa vai mal, muito mal.
O que, aliás, Mangabeira Unger também aceita ao dizer: "Nosso problema é que não temos feito nem de longe o suficiente, nem em matéria de preservação, nem em matéria de desenvolvimento".
Se se considerar que já são cinco anos e cinco meses de governo Lula, um de seus ministros está admitindo um redondo fracasso. E, como restam apenas dois anos e sete meses, fica mais complicado corrigir a rota na metade do tempo que se gastou para fracassar.
Pior: mesmo que, quantitativamente, o ministro esteja certo na sua divisão sobre os preservacionistas e os destruidores, parece evidente que, politicamente, o segundo grupo é mais forte. Basta ver a desenvoltura com que o governador Blairo Maggi diz, por exemplo, que "não se faz agricultura ou pecuária sem retirar a floresta".
PS - A viagem a Madri é para seminário, a convite da Fundação Carolina, majoritariamente do governo espanhol, e da Fundação Novo Jornalismo Iberoamericano.


crossi@uol.com.br

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