São Paulo, sábado, 28 de junho de 1997.



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A POPULARIDADE DE FHC

A pesquisa Datafolha sobre a popularidade do presidente e do Real, publicada ontem nesta Folha, sugere uma queda no prestígio de Fernando Henrique Cardoso e mostra que continua altamente expressiva a aprovação do plano de estabilização.
No entanto, os resultados da série de levantamentos realizada desde a posse de FHC ainda não permitem uma avaliação decisiva sobre a consistência desse aparente declínio de popularidade. Considerados nessa perspectiva de longo prazo, o prestígio e a desaprovação observados na mais recente pesquisa estão na média registrada desde janeiro de 1994.
É verdade que, pela primeira vez, a avaliação "ótimo/bom" de FHC caiu em dois levantamentos sucessivos. Mas cabe lembrar que a variação do prestígio presidencial em relação à enquete anterior ficou na margem de erro -isto é, pode ser estatisticamente desconsiderada.
Não se trata aqui de se prender puramente à aritmética, desconsiderando a evolução do contexto político-econômico. É provável que a tendência recente, e ainda incerta, de piora na avaliação do presidente se deva à imagem de inação que vem caracterizando o seu governo nos últimos meses. Adveio um refluxo depois da bolha de consumo proporcionada pela transferência de renda no início do Plano Real.
Pode-se especular ainda que a estabilização já é tida como uma conquista definitiva pela população, que gostaria agora de ver mais avanços. Isto é, um empenho maior do governo em realizar as reformas de que o país necessita, seja na máquina pública ou na área social.
De resto, é possível que os últimos escândalos políticos e sociais também tenham influenciado a recente avaliação do presidente FHC.
De qualquer modo, é ainda prematuro concluir que a popularidade do presidente se descola do prestígio do seu plano de estabilização da moeda, que continua muito alto. O andamento da economia, particularmente no que diz respeito a consumo e emprego, é que vai confirmar ou não a hipótese de que a inflação baixa poderá deixar de ser um trunfo tão valioso como vem sendo para FHC.





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