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FHC fraco
FERNANDO RODRIGUES
Brasília Ä A pesquisa Datafolha publicada ontem permite fazer um prognóstico sobre o futuro do governo
FHC. Embora seja impossível traçar
um cenário preciso para daqui a três
anos e meio, quando o presidente estará deixando o Planalto.
Como se sabe, o Datafolha mostrou
que a confiança da população no Real
descolou-se da avaliação em relação a
FHC. Até o começo deste ano, o Real
ia bem, FHC ia bem. E vice-versa.
Agora, o Plano Real parece ter parado de cair no conceito da população,
ainda que a avaliação tenha estacionado num patamar baixo. Mas a nota
que os brasileiros dão ao presidente
segue em queda livre.
Por que isso acontece? Simples. A população sente muito lentamente os
eventuais efeitos de melhoria da economia no modelo em vigor no país.
O desemprego é o nó da questão. No
mês passado, a taxa do IBGE foi
7,70%, contra 8,20% em maio de 98.
Supostamente, isso poderia ajudar o
presidente. Mas a avaliação de FHC
seguiu ladeira abaixo.
Tudo indica que o segundo semestre
seja menos pior do que o primeiro, do
ponto de vista econômico. Mas quanto
isso significará de refresco para a taxa
de desemprego? Nem os mais otimistas
acreditam numa reversão forte do desemprego no país. No máximo, o número de desempregados pode parar de
aumentar tanto, ou até cair. Uma redução significativa é improvável.
Em resumo, FHC terá que ganhar
popularidade sugerindo aos brasileiros que se contentem com a inflação
controlada. No futuro, quem sabe, haverá emprego para todos. Quando? Só
Deus sabe, dirá o presidente.
Com isso para oferecer, o melhor cenário para FHC é mais ou menos o cenário atual: um presidente fraco, na
mão de seus aliados, tentando manter
as coisas no lugar.
E o pior cenário? Melhor não dizer.
Do que tanto falam FHC e Roberto
Amaral (ex-Andrade Gutierrez)? Um
palpite: são assuntos do além-mar.
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