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PATRIMÔNIO FURTADO
Chega a uma centena o número de peças furtadas de igrejas
históricas mineiras neste ano. Na
quarta-feira, dez delas desapareceram da igreja Santo Amaro, na cidade de Santa Bárbara. No início do
mês, foram levadas da capela de Santa Quitéria, em Ouro Preto, sete imagens de santos talhadas em madeira,
datadas dos séculos 18 e 19, além de
quatro castiçais. Os furtos vão atingindo, em ritmo inquietante, o patrimônio histórico e cultural do país.
Estima-se que o número oficial seja
inferior à quantidade de obras efetivamente furtadas. A polícia tem encontrado dificuldades para localizar
as peças desaparecidas. Segundo o
Iphan (Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional), as características de alguns desses furtos sugerem que tenham ocorrido por "encomenda". De fato, há um rico mercado de peças sacras, nem sempre
formalizado, que encontra compradores no país e no exterior.
Essas lamentáveis ocorrências vêm
juntar-se a outras, como os recentes
incêndios na igreja Nossa Senhora
das Mercês, em Sabará, e num casarão localizado em Ouro Preto, cidade
que vem sofrendo preocupante processo de descaracterização.
Outro caso que merece atenção é o
dos profetas de Antônio Francisco
Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814),
em Congonhas. As esculturas, que
ornamentam o adro do santuário
Bom Jesus de Matosinhos, vêm sendo danificadas pela ação do tempo e
de fungos. O ministro da Cultura,
Gilberto Gil, já esteve no local, onde
pôde constatar o problema. Gil defende a idéia de que as imagens sejam transferidas para um espaço climatizado -sendo substituídas, ao
ar livre, por réplicas.
O debate não é novo, mas esbarra
nos habituais problemas de falta de
recursos. Trata-se de um caso, no entanto, que deveria merecer esforços
de captação com representantes da
iniciativa privada e instituições internacionais. O país não pode assistir
passivamente à dilapidação de seu
patrimônio histórico e cultural.
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