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São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2003

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PATRIMÔNIO FURTADO

Chega a uma centena o número de peças furtadas de igrejas históricas mineiras neste ano. Na quarta-feira, dez delas desapareceram da igreja Santo Amaro, na cidade de Santa Bárbara. No início do mês, foram levadas da capela de Santa Quitéria, em Ouro Preto, sete imagens de santos talhadas em madeira, datadas dos séculos 18 e 19, além de quatro castiçais. Os furtos vão atingindo, em ritmo inquietante, o patrimônio histórico e cultural do país.
Estima-se que o número oficial seja inferior à quantidade de obras efetivamente furtadas. A polícia tem encontrado dificuldades para localizar as peças desaparecidas. Segundo o Iphan (Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional), as características de alguns desses furtos sugerem que tenham ocorrido por "encomenda". De fato, há um rico mercado de peças sacras, nem sempre formalizado, que encontra compradores no país e no exterior.
Essas lamentáveis ocorrências vêm juntar-se a outras, como os recentes incêndios na igreja Nossa Senhora das Mercês, em Sabará, e num casarão localizado em Ouro Preto, cidade que vem sofrendo preocupante processo de descaracterização.
Outro caso que merece atenção é o dos profetas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), em Congonhas. As esculturas, que ornamentam o adro do santuário Bom Jesus de Matosinhos, vêm sendo danificadas pela ação do tempo e de fungos. O ministro da Cultura, Gilberto Gil, já esteve no local, onde pôde constatar o problema. Gil defende a idéia de que as imagens sejam transferidas para um espaço climatizado -sendo substituídas, ao ar livre, por réplicas.
O debate não é novo, mas esbarra nos habituais problemas de falta de recursos. Trata-se de um caso, no entanto, que deveria merecer esforços de captação com representantes da iniciativa privada e instituições internacionais. O país não pode assistir passivamente à dilapidação de seu patrimônio histórico e cultural.


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