|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
O tempo de Jobim
BRASÍLIA - Começou a produzir
efeitos políticos a nomeação de
Nelson Jobim para o Ministério da
Defesa. As TVs mostraram ontem o
ministro ao lado do governador de
São Paulo, José Serra, e do prefeito
paulistano, Gilberto Kassab.
Em resumo, um lulista, um tucano e um democrata (ex-pefelista).
Não apenas juntos, mas em harmonia. Lula poderia brincar repetindo
a frase do comercial de cartão de
crédito, pois a imagem da trinca
"não tem preço" na política.
Hoje, para completar, Jobim permanece em São Paulo. Deve almoçar com Serra. A relação entre ambos é mais do que cordial.
Para atestar o grau de distensão
basta imaginar qual seria o cenário
hoje se o ministro da Defesa nomeado tivesse sido mesmo Paulo
Bernardo, o petista e atual titular
do Planejamento -como se cogitou
antes da aceitação de Jobim. Com
Paulo Bernardo certamente não
haveria o almoço de hoje nem a
imagem amistosa de ontem.
Nenhum desses movimentos,
por óbvio, resolve a crise aérea. Mas
calmaria política e civilidade nas relações entre as diversas esferas de
poder são o passo número um para
a viabilização de algum tipo de solução. Pode não ser suficiente, é verdade. Só que sem esse pré-requisito
nada daria certo.
Para azar de Lula, entretanto,
nem só de política é possível viver.
As ações práticas terão de ser empreendidas a partir da próxima semana. E há obstáculos à frente.
A troca de dirigentes da Infraero
(a estatal dos aeroportos) e da Anac
(a agência reguladora do setor) é
desejável. Melhor ainda seria haver
peças de reposição disponíveis e de
melhor qualidade. Não há.
Tudo somado, o tempo de Jobim
é curto. Terá de exercitar seu comando sem muita margem de manobra. Em alguns dias começará a
ser fortemente cobrado -até porque capital político é um dos mais
evanescentes da natureza.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: A vaia do amigo do rei Próximo Texto: Rio de Janeiro - Plínio Fraga: Venha vaiar você também Índice
|