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ALONGAR A DÍVIDA
A dívida pública mobiliária federal, representada por títulos
do Tesouro Nacional em mãos de investidores, totalizou R$ 759,2 bilhões no mês de julho, valor equivalente a 44,4% do PIB. Houve no período relativa deterioração do perfil
do endividamento. Enquanto a participação dos títulos corrigidos a juros
fixos, isto é, prefixados, foi reduzida,
aumentou o percentual dos papéis
atrelados à taxa básica de juros, os
pós-fixados.
Nos papéis prefixados, o governo
transfere o risco da operação para o
investidor, que recebe uma taxa definida, independentemente da variação futura dos juros. Já no caso dos
títulos pós-fixados, o risco fica com
o governo, que garante ao investidor
juros de mercado, criando dificuldades para o monitoramento da dívida
e para a gestão da política monetária.
O governo adotou algumas mudanças na tributação dos rendimentos das aplicações financeiras -renda fixa e variável- em função do
prazo de resgate, a fim de alongar a
poupança financeira interna. Os fundos de previdência complementar
também terão o Imposto de Renda a
pagar escalonado entre 35% e 10%,
dependendo do prazo de resgate. A
separação entre os recursos de curto
e de longo prazo pode favorecer o financiamento dos investimentos e
um alongamento do perfil de vencimento dos títulos públicos, atualmente com prazo médio de 30 meses. Se isso ocorrer, melhora a gestão
da dívida mobiliária.
A rápida expansão da dívida pública na segunda metade dos anos 90,
com juros reais elevadíssimos e prazos estreitos, absorveu parcela crescente das operações do sistema financeiro. A dificuldade de captar
poupança de longa maturação, dado
que os investidores brasileiros ficaram concentrados em ativos de renda fixa com prazos curtos, juros altos, liqüidez e segurança, ancorados
na dívida pública, limitou a capacidade de o sistema financeiro doméstico
gerar crédito de longo prazo.
A construção da confiança na sustentabilidade da expansão da economia junto com o alongamento dos
instrumentos de poupança financeira podem viabilizar as condições para a expansão do crédito bancário ao
setor privado de modo a fomentar o
novo ciclo de investimentos. O desenvolvimento do sistema de crédito
e do mercado de capitais não é uma
tarefa fácil, mas alargar os prazos
dos ativos financeiros pode ser um
bom começo.
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