São Paulo, sábado, 28 de agosto de 2004

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BUSCA TRUCULENTA

Delegados e agentes federais promoveram um deplorável espetáculo de violência e intimidação ao invadir na quinta-feira a sede da Sempre Editora, responsável pelo jornal "O Tempo", em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. As ações foram determinadas pela Justiça Eleitoral a pedido da coligação do PT que apóia a candidatura à Prefeitura de Betim da deputada federal Maria do Carmo Lara.
O objetivo era apreender uma publicação apócrifa intitulada "Betim em Dia", que conteria ofensas à candidata e seria impressa na empresa jornalística, cujo presidente é o deputado federal Vitório Medioli, do PSDB. Nada, porém, foi encontrado.
Os relatos acerca da operação dão conta de que policiais, alguns deles armados de metralhadoras, dirigiram voz de prisão ao diretor-executivo e ao editor-chefe de "O Tempo", chegando a algemar este último por cerca de 20 minutos. Os jornalistas teriam exigido, sem sucesso, a apresentação de um mandado. Ao que tudo indica, a incursão policial extrapolou seus objetivos, não se sabe se por mero despreparo -o que não chega a ser uma novidade no Brasil- ou por outras motivações.
Obviamente que a Polícia Federal não pode deixar de cumprir determinações da Justiça Eleitoral e que esta tem obrigação de zelar pela boa condução e pela lisura das campanhas e dos pleitos. E uma publicação apócrifa não apenas fere as regras eleitorais mas contraria a própria Constituição, que as proíbe. Bem diferente, no entanto, é usar da truculência para investir contra jornalistas.


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