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BUSCA TRUCULENTA
Delegados e agentes federais
promoveram um deplorável
espetáculo de violência e intimidação
ao invadir na quinta-feira a sede da
Sempre Editora, responsável pelo
jornal "O Tempo", em Contagem,
na região metropolitana de Belo Horizonte. As ações foram determinadas pela Justiça Eleitoral a pedido da
coligação do PT que apóia a candidatura à Prefeitura de Betim da deputada federal Maria do Carmo Lara.
O objetivo era apreender uma publicação apócrifa intitulada "Betim
em Dia", que conteria ofensas à candidata e seria impressa na empresa
jornalística, cujo presidente é o deputado federal Vitório Medioli, do
PSDB. Nada, porém, foi encontrado.
Os relatos acerca da operação dão
conta de que policiais, alguns deles
armados de metralhadoras, dirigiram voz de prisão ao diretor-executivo e ao editor-chefe de "O Tempo",
chegando a algemar este último por
cerca de 20 minutos. Os jornalistas
teriam exigido, sem sucesso, a apresentação de um mandado. Ao que
tudo indica, a incursão policial extrapolou seus objetivos, não se sabe se
por mero despreparo -o que não
chega a ser uma novidade no Brasil- ou por outras motivações.
Obviamente que a Polícia Federal
não pode deixar de cumprir determinações da Justiça Eleitoral e que esta
tem obrigação de zelar pela boa condução e pela lisura das campanhas e
dos pleitos. E uma publicação apócrifa não apenas fere as regras eleitorais mas contraria a própria Constituição, que as proíbe. Bem diferente,
no entanto, é usar da truculência para investir contra jornalistas.
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