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São Paulo, domingo, 28 de setembro de 2003

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

A vitória do bom senso

É um desastre quando assuntos técnicos viram reféns de discussões ideológicas. Esse é o caso da soja transgênica.
Pela voz dos cientistas que estudam o assunto com as mais rigorosas metodologias disponíveis, ouve-se o seguinte: 1) a soja transgênica é segura para o ambiente e para o consumo humano e animal (conclusão do 3º Simpósio de Biossegurança Latino-Americano de Produtos Transgênicos, que reuniu 700 especialistas em Recife); 2) nenhum produto alimentício no mundo foi tão estudado quanto a soja transgênica (Daniel Vidal, Universidade de Valência, Espanha); 3) a própria Organização Mundial da Saúde dá respaldo ao uso da soja transgênica (Juan Izquierdo, representante da FAO para a América Latina).
A quem quiser se fartar de argumentos técnicos em favor do uso de sementes de soja transgênica, recomendo a leitura da sentença da desembargadora Selene Maria de Almeida, proferida no mês passado no Tribunal Regional Federal da 1ª Região e que autorizou o plantio.
A agência brasileira que trata desse assunto -a ABTBio- já o estudou e deu parecer favorável à soja transgênica, por não ter encontrado nenhum indício de degradação do ambiente ou causa de males nos seres humanos.
A União Européia, uma grande importadora de soja, há dois meses mudou a legislação e liberou a entrada da soja transgênica para uso animal. A China, que é o maior importador do mundo, fez o mesmo. Nos dois casos o que se exige é uma mera certificação.
Os produtores têm preferido a soja transgênica -sem abandonar a tradicional- devido à forte redução dos custos de produção (o uso de herbicidas é muito menor), que chega a 10%.
Ou seja, os produtores, os cientistas, as agências da ONU (como a OMS e a FAO), enfim, o mundo já aprovou os transgênicos, menos certos grupos radicais do ambientalismo ambivalente, que defendem teses pseudocientíficas a pedido de interesses puramente econômicos de empresas, em geral multinacionais, que querem continuar vendendo herbicidas e outros produtos que a genética está tornando dispensáveis.
O Brasil não podia ficar à mercê desses grupos. Com o seu radicalismo, eles têm bloqueado severamente o desenvolvimento do país, citando como exemplo os argumentos esdrúxulos que são usados para proibir a construção de usinas hidroelétricas, termoelétricas e outras.
O Brasil está dando mais um show na agricultura na safra de 2003. Ela será 25% superior à de 2002, chegando a 122 milhões de toneladas de grãos! Foram 25 milhões de toneladas adicionais -sendo a maior parte de milho (12 milhões) e de soja (10 milhões).
A marca da nossa agricultura é a eficiência. Entre 1994 e 2002, a área plantada aumentou 13% e a produção, 62%. Só isso já atesta que os agricultores brasileiros não merecem ser perseguidos nem ficar na incerteza do que plantar seis dias antes de começar o plantio. Felizmente, o bom senso do governo superou as trombetas ideológicas dos inimigos da ciência e do progresso.


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.


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