São Paulo, terça-feira, 28 de setembro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

No osso

BRASÍLIA - Com José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) empatados em primeiro lugar nas eleições paulistanas, não faltam contas a favor de um ou de outro e uma lista das vantagens e desvantagens de cada um.
Um dos principais trunfos de Serra é a companhia do governador Geraldo Alckmin nos programas de TV e de rádio, nos outdoors e na agenda rotineira da campanha. Outros são o índice de rejeição de Serra, ainda baixo, e o de Marta, bem alto.
Marta tem o presidente Lula, com a força inerente ao cargo, a recuperação dos índices de aprovação do governo e a memória, ainda fresca, da vitória em 2002. Outro trunfo da prefeita é típico da reeleição: concorrer no cargo. E com a campanha petista muito azeitada em vários sentidos.
Entre os dois, o "x" da questão é o voto malufista. Paulo Maluf (PP) já teve 24,45% da capital paulistana em 88 (quando perdeu para Erundina), passou para 37,27% em 92 (ganhou de Suplicy), rendeu 44,93% para Pitta em 96 e estacionou em 15,7% em 2000 (passou Alckmin e perdeu para Marta no segundo turno).
Segundo o Datafolha, Maluf tem 12% e a perspectiva é que, abertas as urnas de domingo, sua votação se mantenha em dois dígitos. Para um candidato que chegou a 20% em 25 de junho, ele está "no osso".
Mas é esse osso que Serra e Marta vão disputar dia e noite no segundo turno. Aliás, já estão disputando, com alguma vantagem para Serra: 7 entre 10 malufistas ainda ficam com o tucano no segundo turno, mesmo depois da cerrada (sem trocadilho) artilharia da campanha de Maluf contra ele. Nem tanto por gostarem de Serra, mas por rejeitarem o histórico adversário frontal: o PT.
Espera-se que Serra e Marta não cedam ao estilo malufista para abocanhar os votos de Maluf. Informar o eleitor sobre as próprias qualidades e os erros dos adversários está no jogo. Partir para a baixaria não. Ainda mais quando São Paulo passa para uma nova era eleitoral. Ter Serra e Marta no segundo turno é um luxo. Que não transformem isso num lixo.


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