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ELIANE CANTANHÊDE
No osso
BRASÍLIA - Com José Serra (PSDB) e Marta Suplicy (PT) empatados em
primeiro lugar nas eleições paulistanas, não faltam contas a favor de um
ou de outro e uma lista das vantagens e desvantagens de cada um.
Um dos principais trunfos de Serra
é a companhia do governador Geraldo Alckmin nos programas de TV e
de rádio, nos outdoors e na agenda
rotineira da campanha. Outros são o
índice de rejeição de Serra, ainda
baixo, e o de Marta, bem alto.
Marta tem o presidente Lula, com a
força inerente ao cargo, a recuperação dos índices de aprovação do governo e a memória, ainda fresca, da
vitória em 2002. Outro trunfo da prefeita é típico da reeleição: concorrer
no cargo. E com a campanha petista
muito azeitada em vários sentidos.
Entre os dois, o "x" da questão é o
voto malufista. Paulo Maluf (PP) já
teve 24,45% da capital paulistana em
88 (quando perdeu para Erundina),
passou para 37,27% em 92 (ganhou
de Suplicy), rendeu 44,93% para Pitta em 96 e estacionou em 15,7% em
2000 (passou Alckmin e perdeu para
Marta no segundo turno).
Segundo o Datafolha, Maluf tem
12% e a perspectiva é que, abertas as
urnas de domingo, sua votação se
mantenha em dois dígitos. Para um
candidato que chegou a 20% em 25
de junho, ele está "no osso".
Mas é esse osso que Serra e Marta
vão disputar dia e noite no segundo
turno. Aliás, já estão disputando,
com alguma vantagem para Serra: 7
entre 10 malufistas ainda ficam com
o tucano no segundo turno, mesmo
depois da cerrada (sem trocadilho)
artilharia da campanha de Maluf
contra ele. Nem tanto por gostarem
de Serra, mas por rejeitarem o histórico adversário frontal: o PT.
Espera-se que Serra e Marta não cedam ao estilo malufista para abocanhar os votos de Maluf. Informar o
eleitor sobre as próprias qualidades e
os erros dos adversários está no jogo.
Partir para a baixaria não. Ainda
mais quando São Paulo passa para
uma nova era eleitoral. Ter Serra e
Marta no segundo turno é um luxo.
Que não transformem isso num lixo.
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