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ELIANE CANTANHÊDE
Faroeste
BRASÍLIA - Vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau foi chamada de "uma procuradora qualquer" pelo presidente da República, virou "a procuradora do DEM"
na guerra da blogosfera e tem sido
sistematicamente xingada. Tem razão para estar escandalizada com o
nível de agressão e de desdém pela
Justiça Eleitoral nesta campanha
-que define como "inusitada".
Não satisfeita em ser da "elite
branca", Cureau é mulher, loira e
de olhos azuis. Por isso, pergunta
se a carga contra ela não seria uma
mistura explosiva de má-fé com
machismo de ocasião e militância
disfarçada e raivosa.
Como ela, uma pessoa das leis,
se sente no meio desse vale-tudo?
Cureau: "É muito frustrante. A
gente tem tradição de respeito às
instituições no Brasil, mas, nestas
eleições, não vejo isso. O pessoal
não só acusa levianamente de partidarismo como ainda faz as maiores ofensas à honra da pessoa".
Na opinião da procuradora, que
atuou em várias eleições, isso ocorre em parte pela entrada em cena
da internet, que ainda está em estágio de faroeste: "Se, hoje, eu quiser
processar alguém que tenha atingido a minha honra, não tenho nem
como, porque nem sei quem é. A
pessoa se esconde covardemente
atrás de um nome fictício".
Como reação, ela lança uma proposta polêmica: "Infelizmente, para permitir a propaganda na internet, a gente vai ter que estabelecer
também algum tipo de controle que
permita saber quem são as pessoas.
As pessoas têm de ser responsabilizadas pelo que fazem".
O presidente Lula fala o que lhe
dá na telha, os presidentes do Supremo vivem falando sobre tudo,
todo mundo fala o que quer. Por
que não a procuradora? Gostem ou
não de Sandra Cureau, justiça seja
feita: ela tem coragem e honestidade pessoal de fazer o trabalho dela,
dizer o que pensa, defender ideias e
instituições. Sem pseudônimos,
sem desqualificar e sem agressões.
Sua arma são os princípios.
elianec@uol.com.br
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