São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2011

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Crimes em alta

Mesmo depois do terceiro mês em alta, é cedo para avaliar se a queda no número de homicídios intencionais chegou ao fim em São Paulo. Não deixa de ser preocupante, no entanto, a aparente estabilização do índice em torno do patamar de 10 para cada 100 mil habitantes.
Depois de um pico de 36 para cada 100 mil habitantes em 1999, o número de assassinatos tem declinado de forma constante no Estado de São Paulo ao longo dos últimos anos. Há alguns meses, o governo paulista chegou a festejar a taxa abaixo de 10 casos -acima disso, a violência é considerada epidêmica pelos padrões da Organização Mundial da Saúde.
O nível de homicídios do mês passado, de 9,93 por 100 mil, significa que houve 369 assassinatos, uma média de quase 12 por dia. Houve 674 homicídios na cidade de São Paulo neste ano -dez vezes mais do que em Londres.
Outros crimes, como furtos e roubos, também registraram aumento na comparação com o mesmo mês do ano passado. Parte dessa piora pode ser atribuída a uma melhora no mecanismo de registro -a Polícia Civil instalou centrais de flagrantes em nove delegacias, e a PM passou a fazer Boletim de Ocorrência para alguns tipos de crime, como furtos.
Ainda não está claro o que levou a esse refluxo da criminalidade nos últimos meses. Pode haver, decerto, melhoras daqui para a frente. Mas, se foi atingido um piso, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) precisará repensar sua estratégia na segurança pública.
A reação até aqui é pouco animadora. O delegado-geral de São Paulo afirmou que a alta mensal "está dentro de uma margem de oscilação", considerada "tolerável". O governo enfatizou a comparação dos primeiros oito meses deste ano com os de 2010. Por conta dos bons resultados do início de 2011, o resultado ainda mostra queda de 6,2%. Mas a deterioração do indicador ao longo do último trimestre é um fato.
Sem a devida autocrítica, o governo começa a dar à população do Estado motivos para preocupar-se.


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