São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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GUERRA CLIENTELISTA

Principal cidade do norte fluminense e reduto de origem do ex-governador Anthony Garotinho e da governadora Rosinha Matheus, Campos tornou-se cenário de um combate político travado com as armas do mais deplorável clientelismo. A disputa está polarizada entre o candidato apoiado pelo casal Garotinho, Geraldo Pudim (PMDB), e Carlos Alberto Campista (PDT), ligado ao atual prefeito e ex-aliado de Anthony Garotinho, Geraldo Vianna.
Desde o início da disputa os oponentes têm recorrido a medidas condenáveis. Campista, por exemplo, foi beneficiado pela entrega gratuita de vales-alimentação da prefeitura a 26 mil famílias, a poucas semanas da realização do primeiro turno.
O clã Garotinho, por sua vez, não tem relutado em utilizar o cadastramento de eleitores em programas sociais como arma para beneficiar seu candidato. Não faltam exemplos dessa conduta, dos quais o mais flagrante talvez seja o recrutamento de eleitores através da inscrição no programa Cheque-Cidadão, do governo do Estado. Numa versão do conhecido "voto de cabresto" o cadastramento dos interessados em receber o benefício só se efetua mediante a anotação dos números de seus títulos eleitorais, o que configura uma forma de intimidação.
Diante da animosidade gerada pela contenda, o presidente do TRE do Rio, Marcos Faver, tomou a medida extrema de requisitar tropas do Exército para garantir a segurança das votações de 31 de outubro na cidade.
Embora o episódio tenha coloração local, ele alerta para o risco da sobrevivência no país de uma cultura política populista, de feições anacrônicas e antidemocráticas, da qual o ex-governador fluminense, nas últimas eleições presidenciais, já despontava como porta-voz e herdeiro.


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