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CLÓVIS ROSSI
Não vale o que está escrito
SÃO PAULO - Do discurso de posse de Luiz Inácio Lula da Silva, dia
1º de janeiro de 2003:
"O combate à corrupção e a defesa da ética no trato da coisa pública
serão objetivos centrais e permanentes do meu governo. É preciso
enfrentar com determinação e derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos setores da vida brasileira".
Dos fatos, quatro anos depois: o
procurador-geral da República denuncia como "organização criminosa" e "quadrilha" um punhado de
pessoas do governo Lula, de seu
partido e de sua base de sustentação parlamentar.
Do discurso de posse de Lula, dia
1º de janeiro de 2003:
"Crimes hediondos, massacres e
linchamentos crisparam o país e fizeram do cotidiano, sobretudo nas
grandes cidades, uma experiência
próxima da guerra de todos contra
todos. Por isso, inicio este mandato
com a firme decisão de colocar o governo federal, em parceria com os
Estados, a serviço de uma política
de segurança pública muito mais vigorosa e eficiente. (...) Se conseguirmos voltar a andar em paz em nossas ruas e praças, daremos um extraordinário impulso ao projeto nacional de construir, neste rincão da
América, um bastião mundial da tolerância, do pluralismo democrático e do convívio respeitoso com a
diferença".
Dos fatos, quatro anos depois: você anda em paz nas ruas e praças
"deste rincão da América"?
Do mesmo discurso, ainda:
"A grande prioridade da política
externa durante o meu governo será a construção de uma América do
Sul politicamente estável, próspera
e unida".
Dos fatos, quatro anos depois:
caíram presidentes em penca, a
prosperidade escapa à América do
Sul e o conflito pelo gás com a Bolívia não parece ser propriamente
demonstração de unidade, para não
mencionar outras guerrinhas na vizinhança.
crossi@uol.com.br
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