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KENNETH MAXWELL
Depois da eleição
Na semana que vem, o Brasil retornará à realidade. O
presidente eleito enfrentará
um mundo complicado e terá
de tomar uma série de decisões importantes. As principais envolverão a economia.
É fato que o Brasil está se
saindo bem quando comparado aos países desenvolvidos.
Os EUA e a Europa, de modos
diferentes, estão enfrentando
momentos difíceis. No Reino
Unido, o novo governo de coalizão tomou medidas duras
para reverter os deficits públicos, reduzindo de modo substancial as despesas do governo em muitas áreas, da educação à previdência social e Forças Armadas.
Na França, o governo enfrenta severa oposição nas
ruas a reformas modestas no
sistema de aposentadorias. Os
EUA, a despeito de medidas de
estímulo à economia, estão
diante de eleições de meio de
mandato presidencial que revelaram uma pletora de desafiantes exóticos ao status quo,
nas quais o Partido Democrata
e o presidente Obama se veem
seriamente na defensiva.
Resta o fato de que a economia brasileira está superaquecida, o real está sobrevalorizado e o país precisará lidar com
os desafios internacionais sobre o comércio e sua relação
econômica com a China.
Em termos gerais, a política
externa não teve papel importante na campanha, mas as
ambiguidades das relações internacionais brasileiras nos
últimos anos não podem ser
sustentadas por muito mais
tempo. Em breve terão de ser
tomadas decisões quanto a
dispendiosos compromissos
de compras de armas, que darão forma ao papel do Brasil
como potência líder da América do Sul e como potência
emergente além da região.
Em tese, isso dará novos
equipamentos e uma missão
mais ambiciosa às Forças Armadas. Mas os vizinhos do
Brasil encaram a situação com
cautela, e muitos outros países continuam a manter suspeitas quanto às ambições nucleares brasileiras.
O governo brasileiro tentou
satisfazer as expectativas de
todos, especialmente de seus
partidários internos de esquerda, o que gerou, por um
lado, políticas contraditórias,
como o apoio aos envelhecidos irmãos Castro em Cuba e
ao volátil regime de Hugo Chávez na Venezuela, e, por outro, intervenções pouco efetivas em Honduras e no Haiti.
Para não mencionar o flerte
continuado com o Irã.
Não é exatamente um debate sobre o papel do Estado. O
Brasil continuará a ter um setor estatal importante, o que
não é necessariamente ruim,
porque o Estado claramente
desempenhou papel vital no
desenvolvimento brasileiro. E
nem apenas uma questão de
alianças estratégicas.
A questão será como o Brasil definirá seus interesses no
futuro e como agirá de maneira a sustentá-los.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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