São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2004

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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES

Um exemplo a ser seguido por todo o Brasil

Gabriel Chalita, secretário da Educação do Estado de São Paulo, acaba de nos dar uma injeção de ânimo ao relatar as medidas que vêm sendo tomadas para melhorar a qualidade do ensino em São Paulo. Não se trata de intenções ou de propostas para discussão. Nem tampouco de medidas que dependem do assembleísmo, que discute muito e realiza pouco.
Sinceramente, andava sem esperanças, especialmente depois de ler os relatórios de avaliação do Ministério da Educação mostrando adolescentes que, com sete ou oito anos de escola, não conseguem entender o que lêem e não dominam as operações da aritmética elementar.
Na mesma linha, a Unesco publicou um relatório indicando que o Brasil está muito mal em matéria de qualidade de ensino. "Frequentar a escola é importante, mas não o suficiente", diz o documento. "É preciso que as escolas ofereçam educação de qualidade, capaz de formar cidadãos autônomos com habilidades para enfrentar sociedades baseadas no conhecimento. Em suma, a qualidade é o coração da educação" (Relatório Unesco, 2005).
Os dados trazidos pelo professor Chalita vão na direção da esperança. Eles mostram as ações do governo de São Paulo voltadas para melhorar a qualidade do ensino. Dentre elas, têm destaque: 1) as bolsas de estudo no valor de R$ 720 para os professores realizarem cursos de mestrado, porque todos eles têm diploma universitário, o que é um grande feito no Brasil; 2) o pagamento de 50% do preço para adquirirem seu computador pessoal; 3) equipamento de todas as escolas da rede pública com recursos da informática com amplo acesso aos alunos.
Inúmeros resultados positivos foram citados pelo secretário. O que mais me impressionou é o da evasão escolar da primeira à quarta série, que, em São Paulo, é de apenas 1%. Isso prova que as crianças são matriculadas e completam a escola (Gabriel Chalita, "Revolução sob Impasse", Estado, 23/11/2004).
A prioridade escolhida foi a do ensino médio, o que faz todo o sentido em um Estado como São Paulo, onde, há vários anos, matriculam-se todas as crianças no ensino fundamental. Bem diferente é a estratégia do governo federal, que, apesar da grave situação do ensino médio, concentra a maior parte dos recursos nas universidades.
A sociedade moderna não dá espaço para pessoas deseducadas ou mal preparadas. As exigências da cidadania e do mercado de trabalho são crescentes. Só com uma educação de boa qualidade se consegue formar seres humanos que conduzam bem suas vidas e contribuam para o progresso econômico e social da nação.
Anne Jullema, representante da Unesco na campanha pela melhoria da qualidade do ensino, é enfática: "É preciso ter seriedade no trato da educação. Se quisermos ajudar a montar escolas de qualidade, é preciso levar em conta a necessidade de qualificar professores e de, em muitos lugares, pagá-los melhor". Essa é a principal prioridade. Não há boa escola sem bons professores. É a lição do bom senso que, oxalá, venha a ser adotada em todo o Brasil.
Excelente propositura de nosso secretário Gabriel Chalita. Parabéns!


Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.


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