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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Um exemplo a ser seguido por todo o Brasil
Gabriel Chalita, secretário da
Educação do Estado de São Paulo, acaba de nos dar uma injeção de
ânimo ao relatar as medidas que vêm
sendo tomadas para melhorar a qualidade do ensino em São Paulo. Não se
trata de intenções ou de propostas para discussão. Nem tampouco de medidas que dependem do assembleísmo, que discute muito e realiza pouco.
Sinceramente, andava sem esperanças, especialmente depois de ler os relatórios de avaliação do Ministério da
Educação mostrando adolescentes
que, com sete ou oito anos de escola,
não conseguem entender o que lêem e
não dominam as operações da aritmética elementar.
Na mesma linha, a Unesco publicou
um relatório indicando que o Brasil
está muito mal em matéria de qualidade de ensino. "Frequentar a escola é
importante, mas não o suficiente", diz
o documento. "É preciso que as escolas ofereçam educação de qualidade,
capaz de formar cidadãos autônomos
com habilidades para enfrentar sociedades baseadas no conhecimento. Em
suma, a qualidade é o coração da educação" (Relatório Unesco, 2005).
Os dados trazidos pelo professor
Chalita vão na direção da esperança.
Eles mostram as ações do governo de
São Paulo voltadas para melhorar a
qualidade do ensino. Dentre elas, têm
destaque: 1) as bolsas de estudo no valor de R$ 720 para os professores realizarem cursos de mestrado, porque todos eles têm diploma universitário, o
que é um grande feito no Brasil; 2) o
pagamento de 50% do preço para adquirirem seu computador pessoal; 3)
equipamento de todas as escolas da
rede pública com recursos da informática com amplo acesso aos alunos.
Inúmeros resultados positivos foram citados pelo secretário. O que
mais me impressionou é o da evasão
escolar da primeira à quarta série, que,
em São Paulo, é de apenas 1%. Isso
prova que as crianças são matriculadas e completam a escola (Gabriel
Chalita, "Revolução sob Impasse", Estado, 23/11/2004).
A prioridade escolhida foi a do ensino médio, o que faz todo o sentido em
um Estado como São Paulo, onde, há
vários anos, matriculam-se todas as
crianças no ensino fundamental. Bem
diferente é a estratégia do governo federal, que, apesar da grave situação do
ensino médio, concentra a maior parte dos recursos nas universidades.
A sociedade moderna não dá espaço
para pessoas deseducadas ou mal preparadas. As exigências da cidadania e
do mercado de trabalho são crescentes. Só com uma educação de boa qualidade se consegue formar seres humanos que conduzam bem suas vidas
e contribuam para o progresso econômico e social da nação.
Anne Jullema, representante da
Unesco na campanha pela melhoria
da qualidade do ensino, é enfática: "É
preciso ter seriedade no trato da educação. Se quisermos ajudar a montar
escolas de qualidade, é preciso levar
em conta a necessidade de qualificar
professores e de, em muitos lugares,
pagá-los melhor". Essa é a principal
prioridade. Não há boa escola sem
bons professores. É a lição do bom
senso que, oxalá, venha a ser adotada
em todo o Brasil.
Excelente propositura de nosso secretário Gabriel Chalita. Parabéns!
Antônio Ermírio de Moraes escreve aos domingos nesta coluna.
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