São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 2006

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O perigo da dengue

É ALARMANTE o aumento dos casos de dengue no Estado de São Paulo. Entre 2004 e o final de 2006, São Paulo registrou uma alta de 1.380% no total de notificações, contra uma média nacional de apenas 138,6%.
Em números absolutos, as ocorrências saltaram de 3.049 em 2004 para 45.151 neste ano. O total só é inferior ao da epidemia de 2002, quando o Estado computou 51.668 casos.
A situação preocupa porque o período quente e chuvoso, que favorece a reprodução do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença, está apenas começando. Para agravar ainda mais o quadro, verificou-se um aumento das infecções pelo até então raro tipo 3 do vírus, dado sugestivo de aumento de casos da variedade hemorrágica da moléstia (DH).
Os mecanismos que levam uma pessoa acometida pela dengue a sofrer choque hemorrágico, que pode ser fatal se não tratado a tempo, não são bem conhecidos. Em princípio, qualquer um dos quatro sorotipos do vírus pode provocar DH, basta que o indivíduo infectado tenha tendência a desenvolvê-la. E um dos fatores que aumentam a predisposição para a forma hemorrágica é ser reinfectado por um sorotipo diferente do original.
É aqui que o crescimento da dengue e a maior presença do tipo 3 do vírus ganham caráter de grave problema de saúde pública. A cada recorrência de surto, tende a crescer o número de casos de DH, já que aumenta o estoque de pessoas que já foram vítimas de uma primeira infecção.
A receita para combater a epidemia é conhecida. Faz-se necessário controlar os focos do Aedes, cujas larvas se desenvolvem em poças de água parada formadas dentro das residências e no seu entorno.
Outro bom motivo para manter o mosquito transmissor da dengue sob controle é que ele também é capaz de transmitir a febre amarela, moléstia bem mais perigosa. E o retorno da febre amarela urbana no Brasil seria um retrocesso gravíssimo.


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