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O perigo da dengue
É ALARMANTE o aumento dos
casos de dengue no Estado
de São Paulo. Entre 2004 e
o final de 2006, São Paulo registrou uma alta de 1.380% no total
de notificações, contra uma média nacional de apenas 138,6%.
Em números absolutos, as
ocorrências saltaram de 3.049
em 2004 para 45.151 neste ano. O
total só é inferior ao da epidemia
de 2002, quando o Estado computou 51.668 casos.
A situação preocupa porque o
período quente e chuvoso, que
favorece a reprodução do mosquito Aedes aegypti, vetor da
doença, está apenas começando.
Para agravar ainda mais o quadro, verificou-se um aumento
das infecções pelo até então raro
tipo 3 do vírus, dado sugestivo de
aumento de casos da variedade
hemorrágica da moléstia (DH).
Os mecanismos que levam
uma pessoa acometida pela dengue a sofrer choque hemorrágico, que pode ser fatal se não tratado a tempo, não são bem conhecidos. Em princípio, qualquer um dos quatro sorotipos do
vírus pode provocar DH, basta
que o indivíduo infectado tenha
tendência a desenvolvê-la. E um
dos fatores que aumentam a predisposição para a forma hemorrágica é ser reinfectado por um
sorotipo diferente do original.
É aqui que o crescimento da
dengue e a maior presença do tipo 3 do vírus ganham caráter de
grave problema de saúde pública. A cada recorrência de surto,
tende a crescer o número de casos de DH, já que aumenta o estoque de pessoas que já foram vítimas de uma primeira infecção.
A receita para combater a epidemia é conhecida. Faz-se necessário controlar os focos do
Aedes, cujas larvas se desenvolvem em poças de água parada
formadas dentro das residências
e no seu entorno.
Outro bom motivo para manter o mosquito transmissor da
dengue sob controle é que ele
também é capaz de transmitir a
febre amarela, moléstia bem
mais perigosa. E o retorno da febre amarela urbana no Brasil seria um retrocesso gravíssimo.
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