São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 1997.



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O professor não seduz os seus

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Não acredito muito nessa história de "formadores de opinião". Mas, como a maioria dos analistas acredita, sou obrigado a registrar dados no mínimo incômodos para a candidatura Fernando Henrique Cardoso na pesquisa sobre intenção de voto para 98 que esta Folha publica hoje.
Nos três cenários propostos pelo Datafolha, FHC está empatado estatisticamente com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre os eleitores de nível educacional superior. São os "formadores de opinião" por excelência.
Um empate que chama mais ainda a atenção quando comparado com o resultado geral: uma vantagem cômoda para FHC (entre 12 e 15 pontos percentuais, conforme o cenário).
Um segundo dado de certa forma reforça o primeiro: nas regiões metropolitanas, a diferença em favor do atual presidente é igualmente muito menor do que no interior do país.
Em um dos cenários, há até empate estatístico, já que FHC ganha de Lula por apenas quatro pontos de diferença, o que está rigorosamente dentro da margem de erro clássica nesse tipo de levantamento.
As regiões metropolitanas concentram os "formadores de opinião".
O único número que não combina com os anteriores é a inclinação dos mais ricos, teoricamente também "formadores de opinião": é na faixa de renda familiar acima de 20 salários mínimos que FHC leva a maior vantagem sobre Lula.
Como há uma relativa correspondência entre nível superior de educação e nível superior de renda, é mais comum haver coincidência na intenção de voto desses dois segmentos. Agora, está havendo um descolamento muito grande.
É claro que pesquisas feitas tanto tempo antes da eleição não significam grande coisa. Mas, se os adeptos da teoria dos "formadores de opinião" estiverem certos, a margem de segurança de que hoje goza o presidente tende a se estreitar consideravelmente até outubro. A conferir.






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