São Paulo, terça-feira, 28 de dezembro de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

De Jandira a Santo André

SÃO PAULO - No último dia 10, o prefeito de Jandira, na Grande São Paulo, foi executado com 13 tiros de fuzil e submetralhadora, na porta de uma rádio local. Ex-taxista, Braz Paschoalin estava à frente do governo da cidade pela terceira vez (não consecutiva). Era tucano.
A polícia diz que Paschoalin foi vítima de um crime de encomenda, um acerto de contas relacionado a um esquema de desvio de recursos instalado na própria prefeitura.
O ex-secretário de Habitação da cidade e um empresário que tinha contratos com a administração municipal são os principais suspeitos de ter mandado matar o prefeito. O motivo seriam divergências sobre a partilha e o repasse de propinas.
O assassinato trouxe à luz evidências de corrupção sistêmica e generalizada na cidade -de um mensalinho que seria pago pela prefeitura a mais da metade dos vereadores até a compra de material hospitalar superfaturado pela Secretaria Municipal da Saúde.
A vice-prefeita Anabel Sabatine, que havia deixado a gestão da saúde e rompido com Paschoalin, agora teme ser a próxima vítima.
Localizada na região de Osasco, perto de Cotia e de Barueri, com pouco mais de 110 mil habitantes, Jandira, enfim, entrou no mapa. Quantas Jandiras que não conhecemos devem existir entre os 645 municípios do Estado de São Paulo?
O caso paradigmático continua sendo o de Celso Daniel, ex-prefeito petista de Santo André, assassinado em janeiro de 2002, ano em que iria coordenar a campanha presidencial de Lula. Paira até hoje a suspeita de que se tratou de um crime de encomenda, ligado à arrecadação ilegal na prefeitura para abastecer o caixa do partido.
Os tucanos gostam muito de recordar esse episódio como exemplo do gangsterismo que o PT teria incorporado à sua cultura política. É sempre útil ter vivo na memória o caso Celso Daniel. Mas não venham brincar de avestruz ou fazer cara de paisagem diante da gravidade do caso Paschoalin, de Jandira.


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