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FERNANDO DE BARROS E SILVA
A direita manda brasa
SÃO PAULO - Lula comemorava,
já no ano passado, a ausência de
"candidatos de direita" na eleição
presidencial deste ano. Nem Serra,
nem Dilma, nem Marina (e nem Ciro) se encaixam neste figurino. Não
se pode dizer o mesmo da eleição
paulista. Seria até uma injustiça
com Geraldo Alckmin e Guilherme
Afif Domingos não reconhecer:
"habemus" direita.
A chapa tucano-demista é favoritíssima ao Palácio dos Bandeirantes. Conforme mostra o Datafolha,
Alckmin hoje venceria em São Paulo no primeiro turno. A se confirmar a barbada, voltará ao poder o
núcleo mais conservador e menos
cerebral do tucanato, a turma cujo
lema é "amassar barro". Não deixa
de ser também uma vitória (e vingança) de certo espírito de província, em oposição às aspirações cosmopolitas de Serra, FHC e companhia. São Paulo tem os dois lados.
Sempre que confrontado com seu
conservadorismo, Alckmin recorda, bem-humorado, que iniciou sua
carreira "lá em Pinda", no velho
"manda brasa", como era chamado
o MDB histórico.
No passado mais recente, governador do Estado, Alckmin mandou
brasa com Saulo de Castro, o promotor-xerife da Segurança Pública,
e Gabriel Chalita, o guia espiritual
do ensino paulista. Não perguntem
a Serra o que ele pensa desse time.
Guilherme Afif, atual secretário
do Trabalho do Estado, também
não é um vice qualquer. Malufista
histórico, começou como titular da
Agricultura do então governador
biônico. Em 1982, quando Franco
Montoro se elegeu governador, Afif
era candidato a vice de Reinaldo de
Barros. Tentou a Presidência pelo
PL em 1989 e ainda em 1998 esteve
na linha de frente da campanha de
Maluf contra Mário Covas.
Em 2006, Afif teve 44% dos votos
válidos para o Senado, perdendo
por pouco para Suplicy. Adversário
feroz dos impostos, o líder da associação comercial é, talvez, o que de
mais típico e "moderno" a direita
tem a oferecer ao eleitorado conservador paulista.
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