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ELIANE CANTANHÊDE
O presidente José Dirceu
BRASÍLIA - O objetivo do ministro José Dirceu é ficar na Casa Civil até
por volta de novembro/dezembro e
começar vida nova na presidência da
Câmara no próximo ano. Até lá, é arregaçar as mangas para reconquistar
força política e, quem sabe, a paz de
espírito perdida no caso Waldomiro.
A largada para essa solução foi dada ontem, quando a Executiva Nacional do PMDB decidiu, por 13 votos
a favor, dois contra e uma abstenção,
vetar a reeleição para as presidências
do Senado e da Câmara.
A decisão foi principalmente contra
Sarney e a favor do atual líder peemedebista, Renan Calheiros, no Senado. Mas cabe perfeitamente para a
troca indolor, ou "técnica", de João
Paulo Cunha por Dirceu na Câmara.
Agora, a emenda que possibilitaria
novo mandato para Sarney e para
João Paulo corre risco. Ela passa na
Câmara, mas deve ser derrotada no
Senado. A não ser que o Planalto interceda. E vai interceder?
A saída de Dirceu do Planalto e a
sua ida para a presidência da Câmara podem amenizar dois problemas
de Lula. Um deles é a brigalhada no
governo, sempre acusado de paralisia. O outro é a bagunça governista
no Congresso, especialmente no Senado. Em resumo: Dirceu vai deixar
de fazer o que não sabe e voltar a fazer o que sabe fazer muito bem.
Está passando da hora. Na terça-feira, o governo ganhou por míseros
três votos um projeto razoavelmente
simples de contratação de funcionários. Não fosse pela abstenção de
ACM (que tinha malhado o projeto e
se mandou na hora da votação) e pelos votos dos pefelistas Roseana Sarney (MA) e Rodolpho Tourinho
(BA), lá vinha uma derrota de doer.
Sarney não atrapalha o governo,
pelo contrário, e João Paulo Cunha,
a bem da verdade, saiu-se melhor do
que a encomenda na Câmara. Mas a
dupla Renan-Dirceu tende a ter mais
força, empenho, resultado.
Lula fica com o caminho livre para
fazer um novo chefe da Casa Civil e,
quem sabe, tentar mais uma vez reforçar os pilares do seu governo. Eles
bem que estão precisando.
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