São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

O presidente José Dirceu

BRASÍLIA - O objetivo do ministro José Dirceu é ficar na Casa Civil até por volta de novembro/dezembro e começar vida nova na presidência da Câmara no próximo ano. Até lá, é arregaçar as mangas para reconquistar força política e, quem sabe, a paz de espírito perdida no caso Waldomiro.
A largada para essa solução foi dada ontem, quando a Executiva Nacional do PMDB decidiu, por 13 votos a favor, dois contra e uma abstenção, vetar a reeleição para as presidências do Senado e da Câmara.
A decisão foi principalmente contra Sarney e a favor do atual líder peemedebista, Renan Calheiros, no Senado. Mas cabe perfeitamente para a troca indolor, ou "técnica", de João Paulo Cunha por Dirceu na Câmara.
Agora, a emenda que possibilitaria novo mandato para Sarney e para João Paulo corre risco. Ela passa na Câmara, mas deve ser derrotada no Senado. A não ser que o Planalto interceda. E vai interceder?
A saída de Dirceu do Planalto e a sua ida para a presidência da Câmara podem amenizar dois problemas de Lula. Um deles é a brigalhada no governo, sempre acusado de paralisia. O outro é a bagunça governista no Congresso, especialmente no Senado. Em resumo: Dirceu vai deixar de fazer o que não sabe e voltar a fazer o que sabe fazer muito bem.
Está passando da hora. Na terça-feira, o governo ganhou por míseros três votos um projeto razoavelmente simples de contratação de funcionários. Não fosse pela abstenção de ACM (que tinha malhado o projeto e se mandou na hora da votação) e pelos votos dos pefelistas Roseana Sarney (MA) e Rodolpho Tourinho (BA), lá vinha uma derrota de doer.
Sarney não atrapalha o governo, pelo contrário, e João Paulo Cunha, a bem da verdade, saiu-se melhor do que a encomenda na Câmara. Mas a dupla Renan-Dirceu tende a ter mais força, empenho, resultado.
Lula fica com o caminho livre para fazer um novo chefe da Casa Civil e, quem sabe, tentar mais uma vez reforçar os pilares do seu governo. Eles bem que estão precisando.


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