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ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
PDE: do plano à obra
EM 23/3/07, manifestei meu
contentamento ao conhecer
as primeiras idéias que formariam o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), oficialmente anunciado pelo governo federal nesta semana. Salientei a importância da oportunidade para
melhorar a qualidade do ensino,
que, por todas as maneiras de avaliar, vai de mal a pior.
Recebi dos eleitores aplausos e
críticas. Entre os críticos ficaram
os que me aconselharam a não confiar nas promessas do governo,
pois esse não seria o primeiro nem
o último plano a ficar no papel. Revelou-se uma descrença assustadora.
É claro que uma coisa é o plano
anunciado e outra é a obra feita. A
passagem do primeiro para a segunda depende de um entrosamento complexo, especialmente
no caso dos serviços públicos, que
são enredados em regulamentos
detalhados, burocracia excessiva e,
muitas vezes, desvios condenáveis.
Continuo achando, porém, que o
plano tem o grande mérito de monitorar e avaliar os recursos dos
ensinos fundamental e médio. A
avaliação será baseada no resultado principal, que é a aprendizagem
das crianças e dos adolescentes.
Afinal, o que interessa é que eles
apreendam.
O motor do PDE é uma articulação de responsabilidades com cobrança específica. Levarão mais recursos as escolas em que os alunos
de fato apreenderem. E serão amparadas nas suas eventuais dificuldades, por maior que tenha sido o
esforço, os alunos não apreenderam o suficiente.
Espero que isso não se transforme em concessões ou favores. A
política tem de ficar fora da escola.
A tônica deve ser a racionalidade.
Os diretores e os professores serão
cobrados pelos prefeitos para fazerem os estudantes apreenderem.
Na mesma direção está a política
do governador José Serra ao escolher a área da educação como a primeira a receber o sistema de avaliação e premiação dos funcionários com base na aprendizagem dos
alunos. É a administração por resultados.
Nem acredito que estamos entrando, finalmente, na era da cobrança no setor público.
É isso mesmo. Chegou a hora de
utilizar a noção de produtividade
da mesma maneira como se faz nas
empresas privadas. Essas, por força da concorrência, não podem se
dar ao luxo de serem improdutivas:
quebram. O monitoramento e a
avaliação, assim como o contingenciamento de recursos, deverão
funcionar, no setor público, como
instigadores da produtividade. É
um substituto da concorrência.
Vamos ter fé e esperar que esse
plano se transforme em realidade,
diferentemente de outros gerados
em passado recente.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
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