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CLÓVIS ROSSI
Colar pode ser ganhar
SÃO PAULO - Nizan Guanaes está absolutamente certo se é verdade que
recomendou a José Serra, virtual candidato do PSDB, que cole mais a sua
imagem à do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Basta conferir cruzamentos de números surgidos da mais recente pesquisa do Datafolha feitos por Antonio Manuel Teixeira Mendes, um
formidável sociólogo, que já dirigiu o
Datafolha e hoje é diretor-superintendente da empresa que edita esta
Folha.
Para começar, quem o leitor acha
que é o candidato com mais intenções
de voto entre os eleitores que acham
"ótimo/bom" o governo FHC? Se você
respondeu Serra, errou. Dá Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o preferido de
33% dos fãs incondicionais do governo FHC. Serra fica só com 28% dos
27% que fazem o melhor julgamento
do governo.
Lula, aliás, retira a maior fatia de
seus votos da massa de eleitores
(41%) que acham o governo FHC "regular". São 41% os que, achando o governo regular, votarão em Lula, contra apenas 16% de Serra.
Até Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) têm tantos votos
quanto Serra nessa faixa.
Fica difícil escapar da conclusão de
que Serra, se conseguir colar-se a FHC
na cabeça do eleitorado, vai ao segundo turno com certeza. E é esse,
convém lembrar, o seu principal desafio no momento.
Só depois é que terá de ganhar a
eleição propriamente dita.
Minha sensação, antes de ver o cruzamento feito por Antonio Manuel,
era a de que o "ótimo/bom" de FHC,
mesmo que totalmente transferido a
Serra, seria insuficiente para elegê-lo
na disputa final e decisiva.
Mas, se o campo de caça aos votos
de parte de Serra puder se aprofundar
no território dos que acham o governo "regular", a tarefa do candidato
talvez seja menos impossível do que
parece hoje a olho nu.
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