São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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CLÓVIS ROSSI

Colar pode ser ganhar

SÃO PAULO - Nizan Guanaes está absolutamente certo se é verdade que recomendou a José Serra, virtual candidato do PSDB, que cole mais a sua imagem à do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Basta conferir cruzamentos de números surgidos da mais recente pesquisa do Datafolha feitos por Antonio Manuel Teixeira Mendes, um formidável sociólogo, que já dirigiu o Datafolha e hoje é diretor-superintendente da empresa que edita esta Folha.
Para começar, quem o leitor acha que é o candidato com mais intenções de voto entre os eleitores que acham "ótimo/bom" o governo FHC? Se você respondeu Serra, errou. Dá Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o preferido de 33% dos fãs incondicionais do governo FHC. Serra fica só com 28% dos 27% que fazem o melhor julgamento do governo.
Lula, aliás, retira a maior fatia de seus votos da massa de eleitores (41%) que acham o governo FHC "regular". São 41% os que, achando o governo regular, votarão em Lula, contra apenas 16% de Serra.
Até Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS) têm tantos votos quanto Serra nessa faixa.
Fica difícil escapar da conclusão de que Serra, se conseguir colar-se a FHC na cabeça do eleitorado, vai ao segundo turno com certeza. E é esse, convém lembrar, o seu principal desafio no momento.
Só depois é que terá de ganhar a eleição propriamente dita.
Minha sensação, antes de ver o cruzamento feito por Antonio Manuel, era a de que o "ótimo/bom" de FHC, mesmo que totalmente transferido a Serra, seria insuficiente para elegê-lo na disputa final e decisiva.
Mas, se o campo de caça aos votos de parte de Serra puder se aprofundar no território dos que acham o governo "regular", a tarefa do candidato talvez seja menos impossível do que parece hoje a olho nu.


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