|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CORRIDA POR CARGOS
É deplorável que siga tramitando pelo Congresso, com celeridade inusual para os padrões do
Legislativo, a proposta de emenda
constitucional para recuperar 40%
das cadeiras de vereadores a serem
extintas por determinação do Tribunal Superior Eleitoral. O caso demonstra mais uma vez a capacidade
de mobilização da classe política
quando está em pauta a defesa de
seus interesses corporativos. Ganharia muito a sociedade se o mesmo
ânimo guiasse os parlamentares em
questões de real relevância para o
país -o que nem sempre ocorre.
Atendendo à decisão do Supremo
Tribunal Federal, referente a ações
que questionavam a constitucionalidade do número de vereadores de determinadas cidades, o TSE elaborou
uma detalhada planilha para fixar a
correlação entre a quantidade de cadeiras e a população dos diversos
municípios. As cidades com até
47.619 habitantes passariam a contar
com 9 vereadores -e, a cada novo
grupo de 47.619, uma nova cadeira
seria aberta. Com a medida, 8.528 vagas nas Câmaras Municipais deixariam de existir, atingindo quase a
metade dos 5.565 municípios.
A decisão, como era de esperar,
causou alvoroço no meio político.
Rapidamente descobriu-se no Senado um projeto de emenda constitucional que poderia, segundo algumas interpretações, até mesmo elevar a quantidade de cargos. Paralelamente, os deputados trataram de ressuscitar outro dispositivo, que tem a
vantagem de reduzir cadeiras (e talvez por isso mesmo estivesse esquecido), mas em quantidade inferior ao
que determinou o TSE.
O fato de a proposta da Câmara ter
sido aprovada em segundo turno por
365 votos contra 19 atesta a unidade
dos partidos em torno da questão.
Entre eles, obviamente, figura o PT,
que não parece ter sido capaz de conter seu apetite por cargos nem mesmo diante da economia de recursos
públicos que a decisão do TSE poderá proporcionar -estimada em cerca de R$ 550 milhões por ano.
Texto Anterior: Editoriais: O CAMINHO DE CHÁVEZ Próximo Texto: Editoriais: NOVOS MALES DO FUMO Índice
|