São Paulo, domingo, 29 de maio de 2011 |
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ANA LUCIA BUSCH Dilemas do mundo real "Tudo que existia no mundo antes de nascermos é normal e corriqueiro: faz parte do jeito que o mundo funciona. O que é inventado quando temos entre 15 e 35 anos é revolucionário, e podemos fazer carreira com isso. Tudo que surgir depois vai contra a ordem natural das coisas." O escritor inglês Douglas Adams (1952-2001), autor de "O Guia do Mochileiro das Galáxias", sem querer descreveu no trecho acima o dilema dos pais que aprenderam que não se deve aceitar doces de estranhos, mas precisam ensinar mais do que isso. Filhos que não conheceram o mundo totalmente analógico precisam ir além de lendárias histórias de pipoqueiro na porta da escola. Devem entender a extensão da vida digital, que às vezes parece mesmo conspirar contra a natureza. Nesta semana, o executivo-chefe do Facebook, Mark Zuckerberg, defendeu a entrada de crianças em sua rede social. Nos EUA, menores de 13 anos são proibidos de frequentar sites que colham informação de usuários. Seja como for, estima-se que o Facebook abrigue 7,5 milhões de perfis de crianças com menos idade. Embora pareça desconsiderar as consequências do rastreamento de dados, Zuckerberg tem razão ao argumentar que, "na educação, é preciso começar bem cedo". Se os pais não ensinam, as crianças vão ser tão incapazes de reconhecer perigos on-line como seriam de cruzar a rua sem saber que precisam olhar para os dois lados. Indo à prática, seguem dez regras de ouro para ser pai ou mãe no mundo moderno: 1 - Se você não entende nada de tecnologia, nunca entrou no Facebook e mal sabe o que é um blog, aprenda. 2 - Diga a seus filhos que dados podem ou não ser compartilhados. Anote senhas das crianças menores e oriente para não baixarem arquivos sem autorização. Mude as regras conforme amadureçam. 3 - Saiba quem são os amigos deles. Pergunte se os conhecem de verdade. 4 - Deixe claro que não se faz on-line o que não se faz na vida real. 5 - Pense bem antes de criar regras e proibições inúteis. Não funcionam em escolas, lan houses e casas de amigos. 6 - Repita que podem contar com você. Muitas crianças são vítimas de agressão por medo de contá-la a um adulto. 7 - Explique que nem tudo que está na internet é verdadeiro e que as pessoas podem não ser quem dizem que são. 8 - Monitore, mas não espione. Leia o que é público. Não fuce em e-mails e mensagens pessoais dos mais velhos. Intromissões podem levar seu filho à "clandestinidade". 9 - Coloque limites sem ser ludita. Muito tempo on-line atrapalha, mas manter as crianças fora da rede é um desserviço. 10 - Faça seu papel. Em qualquer ambiente, pais precisam agir como pais. ANA LUCIA BUSCH é diretora-executiva de Mídias Digitais da Folha. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A coisa Próximo Texto: TENDÊNCIAS/DEBATES Paulo Coelho: Pirateiem meus livros Índice | Comunicar Erros |
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