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FALSAS SOLUÇÕES
O discurso eleitoral em torno
da segurança já produziu suas
primeiras vítimas, literalmente. Entre janeiro e maio deste ano, a polícia
paulista matou 342 pessoas, o que resulta numa média mensal de 68,4. É
a segunda maior marca dos oito
anos de gestão do PSDB. Especialistas apontam a exacerbação da retórica anticrime como um dos fatores
para o crescimento das baixas entre
civis em confrontos com a polícia.
O número paulista é elevadíssimo
sob qualquer ângulo que se o analise. Para efeitos de comparação, nos
EUA como um todo, registraram-se
297 mortes de civis por policiais ao
longo de 2000. Nesse mesmo ano, só
a polícia paulista matou 839. Quando se considera que a população dos
EUA é quase sete vezes maior do que
a de São Paulo, conclui-se que a polícia paulista mata 20 vezes mais do
que suas congêneres americanas.
O governo de São Paulo, evidentemente, tem uma outra explicação para esses números. Afirma que são o
resultado da eficiente resposta da polícia à crescente sofisticação dos bandidos, que perpetram ações cada vez
mais audaciosas e usam armamento
cada vez mais pesado. Nesse caso,
segundo especialistas, a taxa de policiais mortos deveria ter subido. Não
foi o que ocorreu. Ao contrário até,
os 13,2 policiais mortos mensalmente em 2002 representam a segunda
menor cifra em sete anos.
Em tempos de eleição, políticos
tentam dar respostas aos anseios da
população. Na atual conjuntura, em
que o crime está cada vez mais disseminado, muitos eleitores apostam
na tese de que "bandido bom é bandido morto". Policiais percebem os
sinais emitidos pela população e reforçados pelos discursos de governantes e candidatos e os interpretam
como uma licença para matar. Confundem eficiência com violência.
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