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São Paulo, domingo, 29 de junho de 2003

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CLÓVIS ROSSI

A reeleição e a história

SÃO PAULO - É alta, baixa ou media na a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva medida pelo Datafolha, conforme os números que este jornal publica hoje?
É irrelevante.
Primeiro, Lula e Fernando Henrique Cardoso exibem números parecidos com o mesmo tempo de governo, embora com uma ligeira vantagem para o petista.
E daí? Quem acha que é um bom índice poderá argumentar com o fato de que FHC se elegeu três anos e meio depois de alcançar esse número. E o fez no primeiro turno.
Quem, no entanto, acha que o número é irrelevante poderá argumentar que, sete anos e meio depois dessa medição, FHC não conseguiu ver sua gestão ser firmemente defendida nem mesmo pelo seu candidato presidencial, o então senador José Serra.
Votaram em candidatos da oposição, no primeiro turno, três de cada quatro eleitores.
É lícito supor que uma avaliação feita com apenas seis meses de governo reflita muito mais as esperanças sobre o que fará o governo do que um julgamento sobre o já feito.
Iludir-se com a popularidade, mesmo quando ela persiste após mais tempo no palácio de governo, pode ser mortal. Que o digam, entre outros, Carlos Menem e Alberto Fujimori, populares por tempo suficiente para serem reeleitos com folga, apenas para, logo em seguida, caírem na mais absoluta desgraça aos olhos do público.
Se o projeto de Lula é só a reeleição, os números hoje publicados podem ser tidos como excelentes. Se é o lugar nos livros de história, conviria, no mínimo, no mínimo, pôr uma pitada de cautela no triunfalismo de todos os seus caudalosos discursos.
 
Do ministro José Dirceu, no encontro de vereadores e deputados estaduais de seu partido: "Estou com saudades do PT".
Há uma multidão de petistas com idêntico sentimento, ruidosa ou silenciosamente.


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